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Fugindo da falência rural


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Fonte: O Estado de S. Paulo Tânia Rabello

Seguro agrícola é um insumo que obrigatoriamente tem de fazer parte do custo de produção de agricultores, defende o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva. 'Não é possível que no país que é a maior agricultura dos trópicos e com tamanho nível de profissionalização e tecnificação no setor não haja um sistema consistente de seguro agrícola', diz. Ele informa que pretende, por meio de palestras, seminários e outros eventos, divulgar a idéia aos produtores rurais.

Aos 64 anos de idade, o presidente da SRB informa que possui um rebanho de corte de 2 mil cabeças e cultiva soja e milho em 500 hectares em Naviraí (MS). Ele lembra quando iniciou sua carreira como agricultor, aos 20 anos de idade. 'Naquela época, os custos de produção eram muito baixos e o barril de petróleo custava US$ 2 a US$ 3', conta.

'Se nós plantássemos milho e a safra não vingasse, as perdas eram irrisórias', diz. Atualmente, porém, com toda a tecnificação necessária à atividade, desde o uso de sementes melhoradas até maquinário sofisticado, além da exigência competitiva por altas produtividades, se houver perdas por questões climáticas ou outros problemas o prejuízo é grande. 'A agricultura encareceu muito', continua. 'Se o agricultor não colher num ano, nem no ano seguinte, pode falir.' Daí a necessidade de incorporar o seguro rural à atividade, como prevenção.

INSUMO CARO

O presidente da SRB reconhece, porém, que se trata de um insumo caro, 'porque pouca gente contrata seguro'. Para ele, o governo federal tem de trabalhar principalmente para aumentar o subsídio ao prêmio do seguro agrícola (o prêmio é o valor pago pelo agricultor para segurar a lavoura). 'O governo paulista já subsidia até 50% do valor do prêmio, conforme a cultura', lembra o presidente da SRB.

E a base para a melhoria do setor já existe. Ele cita, por exemplo, a quebra do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Com isso estão vindo para o País algumas das maiores resseguradoras privadas do mundo. 'A aprovação, pelo Congresso Nacional, do fundo de catástrofe também foi outro passo importante, tomado a partir das reivindicações das lideranças rurais.'

Atualmente, por exemplo, está em discussão uma nova renegociação da dívida agrícola, que se arrasta desde a safra 2003/2004, que quebrou por causa de problemas climáticos. 'Não podemos ficar renegociando dívida agrícola a cada cinco anos', diz Ramalho da Silva. 'Isso cria uma imagem negativa do agricultor, como se ele fosse incompetente e mau gerente', continua. 'Se já houvesse no País um programa consistente de seguro agrícola essa renegociação que se arrasta há tantas safras seria desnecessária.'


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