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Fonte: Gazeta do Povo | Economia | PR
Em vigor há pouco mais de um mês, a Lei Seca tem poder para mexer com o mercado das seguradoras de veículos. A expectativa do setor é que, com um número menor de acidentes causados pelo álcool, as apólices comecem a ficar mais baratas nos próximos meses. Algumas empresas chegam a estimar uma queda de até 15% no valor cobrado dos consumidores.
No Paraná, a possibilidade de queda nos preços é confirmada pelo Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Resseguros, de Previdência Complementar e de Capitalização (Sindiseg-PR). No entanto, o diretor-executivo do sindicato, Ramires Fernandes Dias, acredita que, mesmo com a queda de 20% nos acidentes registrada nos últimos 30 dias no estado, ainda é cedo para falar de reajustes concretos. "O dado representa toda a frota circulante, não a segurada, que corresponde a apenas 30% dos carros", explica.
Violência pode anular ganhos com acidentes
Apesar do otimismo apresentado por seguradoras e analistas em relação às conseqüências da Lei Seca para o setor de seguros, um fator importante pode exercer pressão contrária na hora da redução do preço das apólices: a violência urbana. "O roubo e eventuais danos causados pela violência também são levados em consideração pelas empresas de seguro de veículos. Se por um lado a violência no trânsito diminuiu, a violência nas cidades ainda influi negativamente. Mesmo assim, no saldo final, é possível que o consumidor seja beneficiado com uma queda", analisa o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), André Braz.
O consultor da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), Lauro Faria, acrescenta que a diminuição no número de acidentes de trânsito no país será sentida pelo Estado. "O setor de saúde poderá deslocar recursos para combater outros problemas."
Antes da Lei Seca, lembra o presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Jayme Garfinkel, o mercado de seguros já havia experimentado uma queda acentuada em pagamento de indenizações quando o Código Nacional de Trânsito sofreu uma reforma, em 1998. "A nova legislação terá impacto em âmbito nacional, mas a fiscalização será o divisor de águas. Se as pessoas acreditarem que haverá fiscalização, a tendência é de forte queda do número de acidentes". O diretor de automóveis da HDI Seguros, Eduardo Dal Ri, acredita que deve haver uma mudança de hábito dos motoristas brasileiros. "Assim como aconteceu com o uso do cinto de segurança, os motoristas têm de adotar fortemente o comportamento de não dirigir alcoolizados". Caso contrário, Garfinkel acredita que o número de acidentes deve se manter. "Nas regiões em que não houver fiscalização adequada, a sinistralidade por colisões não tende a cair, nem os preços cobrados". (IR)
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), o seguro automotivo registrou queda nos preços de 0,82% em junho. Até o dia 22 deste mês, a apólice caiu mais 0,09%. "A tendência até o fim de julho deve ser de baixa", considera o economista do instituto, André Braz. Hoje, o valor de uma apólice de seguros é calculado com base em riscos de acidentes e de furtos ou roubos. "Os acidentes influenciam em aproximadamente 40% do custo. Para um seguro de R$ 1 mil, caso a redução no número de acidentes se mantenha em 20%, o reajuste será sobre os R$ 400 correspondentes ao fator acidente, ou seja, haverá desconto de R$ 100, ou 10%", explica Dias, do Sindiseg-PR.
A expectativa de diminuição no valor final da apólice é validada inclusive por algumas seguradoras. Segundo o diretor da regional Sul da Allianz Seguros, Eduardo Grillo, haverá benefícios para o consumidor. "É cedo para calcular um porcentual exato, mas, se as pessoas respeitarem a lei, certamente o número de sinistros diminuirá e repassaremos isso para o nosso cliente, em preço". Na HDI Seguros, a estimativa é que os preços caiam, em média, 15%, caso a mudança no hábito dos motoristas seja real. Diz o diretor de automóvel da HDI, Eduardo Dal Ri: "Se os motoristas realmente não dirigirem alcoolizados e se esse comportamento se confirmar, certamente, o preço vai diminuir, mas vamos esperar mais alguns meses. Não só seguros de veículos, mas seguros de saúde, de vida e transportes serão alterados com essa nova realidade".
Por meio de nota, a Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg) estabeleceu um prazo de três meses para que o mercado reavalie os preços do seguro de automóvel e incorpore os efeitos positivos da Lei Seca. Dados da fundação apontam que as indenizações pagas por colisões (com perda total ou parcial) representaram 54% (R$ 2,5 bilhões) dos desembolsos totais no ano passado. "Pode ser que isoladamente alguma seguradora já baixe o preço, mas o mercado terá uma visão melhor dos impactos da Lei Seca dentro de alguns meses. Se caírem as vítimas de acidentes de trânsito e baixarem os sinistros por colisões, tudo vai diminuir e impactar no preço do seguro", afirma o presidente da federação, Jayme Grafinkel.
Prudência
Para o economista e consultor da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), Lauro Faria, a prudência das seguradoras é compreensível. "No Brasil, quando se trata de lei nova, é ideal esperar e ver como o mercado reagirá". Os preços mais acessíveis poderão fazer com que mais pessoas tenham acesso a esse tipo de serviço. "Pessoas com carro há mais de cinco anos acabam não contratando seguro pelo valor alto", salienta Grillo, da Allianz. "Se pudermos fazer os repasses, mais pessoas entram no público que consome seguros, que ainda é muito restrito à classe alta", enfatiza Dal Ri, da HDI.
Consumidor
A auditora Mariele Juliatto Froner precisou acionar sua seguradora há pouco mais de uma semana e considera o serviço um "mal necessário". "Se o valor cair mesmo, vai ser muito bom. Neste ano, precisei gastar R$ 1,3 mil ". Sobre a Lei Seca, Mariele diz que tem evitado sair com o carro à noite. "Não quero arriscar minha vida nem de cair numa blitz, então, procuro beber em casa mesmo."
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