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Crescimento do crédito no país preocupa, diz seguradora


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Fonte: Folha de S. Paulo

A pressão da inflação mundial e as conseqüências da crise norte-americana comprometeram o pagamento das dívidas que as empresas têm umas com as outras nos países europeus e podem ameaçar o crédito das empresas brasileiras, segundo a seguradora de crédito Coface.

Fernando Blanco, presidente da unidade brasileira da Coface, afirma que o avanço do crédito, a uma média de 25% ao ano no Brasil, criou uma "tempestade". Blanco diz que a principal preocupação não é o fato de o crédito ter atingido 36% do PIB (Produto Interno Bruto), mas o perfil dos novos endividados.

"Assusta a situação desses brasileiros -incluindo um mundo de empresas de todos os portes e que nunca tomavam crédito- se a economia brecar bruscamente", diz Blanco.

O presidente da Coface se refere à previsão de diversos analistas de que o aumento da taxa de juros promovido pelo Banco Central, com o freio na demanda por produtos e por serviços, trará menos crescimento para as empresas e para a economia do país.

Por enquanto, a alta da inflação e o aperto monetário ainda não fizeram com que as empresas brasileiras deixassem de pagar suas dívidas. No acumulado de janeiro a junho deste ano, a inadimplência das pessoas jurídicas caiu 2,5%, segundo indicador da Serasa.

Blanco avalia, no entanto, que a situação pode mudar se o aperto monetário no mundo se intensificar e afetar a demanda por commodities, que são os principais produtos na pauta das exportações brasileiras.

A Coface, que faz o seguro das dívidas que as empresas têm com outras organizações, já rebaixou a nota de avaliação de risco da Espanha, de Portugal, da Dinamarca e dos países bálticos. Blanco afirma que o Reino Unido é o próximo país a sentir de modo mais forte os efeitos da crise.

De acordo com o especialista, os mercados emergentes não ficarão imunes aos efeitos da desaceleração da economia mundial. "Turquia, África do Sul e Vietnã demonstram claros sinais de deterioração econômica", avalia.

O aumento nas cotações internacionais de alimentos, metais e combustíveis beneficiou os países emergentes, inclusive o Brasil, mas Blanco diz temer que esse "componente sorte vá nos abandonar".



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