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Fonte: Valor Econômico | Investimentos | SP
Depois de bater em junho o recorde do ano em captação mensal, os planos de previdência perderam fôlego no mês passado. As aplicações de recursos em PGBLs e VGBLs caíram praticamente pela metade em julho, de um saldo positivo de R$ 1,267 bilhão em junho para R$ 667 milhões, aponta relatório mensal do site financeiro Fortuna. "Em momentos de crise, o investidor se retrai até que tenha uma visão mais clara do mercado", avalia o diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, Marco Antonio Rossi.
Os planos com renda variável, como os balanceados e multimercados, registraram queda de 67% no volume de captação em julho na comparação com o mês anterior, mas continuaram liderando os ingressos do setor, com R$ 495 milhões no ano. Mais conservadora, a categoria renda fixa, que inclui os fundos DI, voltou a atrair recursos depois de dois meses seguidos de resgates. Em julho, as aplicações nesses planos superaram os resgates em R$ 172 milhões.
No acumulado do ano até julho, a captação dos planos de previdência somava R$ 6,055 bilhões, volume 5% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. O desempenho deve-se majoritariamente aos fundos com ações, que atraíram R$ 6,7 bilhões no ano, ante resgates de R$ 814 milhões da renda fixa.
Os dados de julho sinalizam que a desaceleração do ritmo de captação da previdência tende a se revelar mais uma parada técnica para o participante reavaliar suas posições do que uma reversão das expectativas de crescimento para o setor. É como se o investidor estivesse esperando a poeira baixar para só então decidir como se posicionar, avalia Rossi. "O mercado vinha registrando um movimento muito forte de migração para planos com ações, que se reduziu nos últimos meses com as turbulências da bolsa", conta.
Apesar da desaceleração do setor, na visão do diretor do Fortuna Marcelo D'Agosto ainda não dá para falar em reversão nem da tendência de busca por planos mais arriscados. Na Brasilprev, os fundos com ações vêm roubando espaço dos planos de renda fixa mês a mês desde o início do ano passado. Em janeiro de 2007, os planos com ações foram responsáveis por 7% da captação da empresa. Já em julho, esse percentual era de 13% e, em dezembro, 26%, conta o superintendente de investimentos da Brasilprev, Márcio Barbosa Matos.
Neste ano, a volatilidade da bolsa brasileira continua passando despercebida pela seguradora, e os planos com renda variável permaneceram com crescimento acima dos fundos de renda fixa. No mês passado, essa categoria captou 39% do total, acima dos 38% de junho. No total, os recursos captados pelos planos da Brasilprev e direcionados para a BB DTVM, a gestora do grupo, somaram R$ 239,8 milhões em julho, volume 46% menor do que o registrado no mês anterior, segundo o Fortuna. Já na comparação com julho de 2007, o volume é 27,6% maior.
Vale destacar que, em agosto do ano passado, a Brasilprev lançou dois planos com renda variável: o Ciclo de Vida, em que os percentuais de participação da renda fixa e de ações são ajustados ao longo do tempo, e o fundo composto 49 D, que tem até 49% dos recursos aplicados em ações que pagam bons dividendos.
"Os fundos com ações têm captado recursos sistematicamente na Brasilprev, com destaque para os novos participantes", afirma Matos . Ele reconhece que as novas alternativas de produtos impulsionaram a captação de planos compostos, mas diz que a situação econômica favorável do Brasil, com estabilidade monetária e, conseqüentemente, maior previsibilidade, tem levado o investidor a encarar a previdência como um produto de longo prazo, com uma conexão forte com a renda variável. "O 'investment grade' do país, as perspectivas de crescimento econômico e a tendência de redução dos juros no médio prazo fazem com que os investidores se sintam mais confortáveis em correr riscos na renda variável, vislumbrando melhores retornos", diz.
D'Agosto, do Fortuna, lembra que o mercado de previdência ganhou novos concorrentes neste ano. Ele cita a caderneta de poupança como uma das alternativas que voltaram a brigar pelos recursos dos poupadores. "A captação da previdência continua crescendo, mas a poupança pode ser uma ameaça", diz. Em 2007, os depósitos da caderneta superaram a captação da previdência, depois de ficar três anos abaixo. Nos últimos cinco anos, segundo levantamento do Fortuna, os fundos de previdência de renda fixa com taxa de administração superior a 2,5% tiveram rentabilidade média anualizada de 12,4%, ante 8,4% da poupança.
Nos últimos 12 meses, no entanto, a diferença diminuiu. Enquanto a previdência rendeu 7,7%, a poupança teve ganho de 7,3%. Neste ano, a rentabilidade média dos fundos de renda fixa é de 5,42%, dos balanceados, de 1,70%, e dos multimercados, 1,20%.
Outra opção que tem feito estragos na indústria de fundos em geral são os Certificados de Depósito Bancários (CDB). Com necessidade de caixa, os bancos passaram a oferecer retornos bem atraentes, acima dos 100% do CDI, inclusive para o varejo. "Na previdência privada, que teve captação líquida positiva e atrai o cliente com visão de longo prazo, a concorrência com CDB pode ser considerada menor", diz Matos, da Brasilprev. Para Rossi, da Bradesco, o CDB não concorre com a previdência.
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