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Capacitar funcionários é atalho para crescer


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Fonte: Funenseg

Entidades setoriais oferecem cursos para contornar custos de aprimoramento

As empresas de pequeno porte estão buscando formas de superar o baixo orçamento e, conseqüentemente, a falta de recursos para investir em treinamento e capacitação dos seus colaboradores. Diante de importantes benefícios como vale-refeição, plano de saúde, vale-transporte, muitas vezes a formação dos colaboradores fica em segundo plano e causa um déficit de competitividade para essas companhias, principalmente entre as que dependem da tecnologia ou as que enfrentam uma concorrência forte.

Por isso, as pequenas e médias estão apostando nas entidades setoriais, como federações, associações, sindicatos, e até em soluções caseiras, como a realização de um intercâmbio de profissionais, para manter o seu corpo de funcionários pronto para enfrentar a concorrência no setor.

Segundo uma pesquisa realizada pela American Society for Trainning and Development (ASTD) Brasil, em parceria com a Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), 34% das cerca de 400 empresas entrevistadas preferem cursos no formato tradicional para treinar os seus colaboradores; ou seja, em salas de aula. Além disso, 21% dessas empresas apostam nos treinamentos desenvolvidos internamente.

Para o presidente da ASTD e publisher da revista T&D; Marcos Baungartner, esse deve ser o desenho do setor em 2008. "Segundo a nossa pesquisa, cerca de 71% das empresas deve aumentar os investimentos em capacitação neste ano. Mas, como o orçamento delas é, muitas vezes, limitado, nós temos incentivado as pequenas e médias empresas a buscarem as suas entidades setoriais como Sebrae, Senai e os próprios sindicatos, pois elas oferecem alternativas dentro do orçamento dessas empresas", conta.

Segundo Baungartner, existe também outra alternativa mais recente: as chamadas universidades corporativas. "A Universidade do Secovi [Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo], por exemplo, oferece cursos de capacitação para todos os associados. Vemos também a unidade corporativa da indústria dos alimentos, entre outras. Então, as pequenas e médias empresas se beneficiam desses recursos", completa. A universidade do Secovi oferece cursos de compra e venda de imóveis, administração predial, matemática financeira aplicada ao mercado imobiliário, gestão de pessoas, entre outros. A entidade tem parceria com as universidades Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e Uni Sant'Anna, ambas de São Paulo.

Outra entidade que usa de parceiros universitários para oferecer cursos específicos às empresas de seu setor é a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Por meio do seu braço de pequenas e médias empresas, o Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria (Dempi), a entidade tem parceria com 23 universidades para capacitação de empresários e funcionários de micro, pequenas e médias empresas e consegue baratear os cursos em cerca de 20%.

No ano passado, a entidade concluiu a formatação de três cursos de pós-graduação. Um de gestão industrial, com a Fundação Instituto de Administração (FIA); outro de logística e suprimentos, com a Faculdade Mauá; e um terceiro de administração financeira, em parceria com a Faculdade Rio Branco. Para 2008, a Fiesp está planejando também um MBA em marketing e internacionalização em parceria com a Faculdades Rio Branco.

"Em 51 regionais, detectamos, que o maior problema das indústrias é a falta de capacitação. Por isso, a tendência é capacitar cada vez mais. Se isso não for feito, as empresas não acompanharão o avanço tecnológico do mercado. Além disso, para fornecer para multinacionais e grandes empresas, devido à$ exigências dessas companhias, se não houver um certo nível de qualificação, perde-se competitividade", afirma Marco Antonio dos Reis, diretor do Dempi.

Pequenas Empresas 34% optam por capacitação em salas de aula

Solução caseira

Outra alternativa encontrada pelas pequenas e médias empresas para driblar os altos custos de capacitação de seus funcionários são os chamados cursos on the job (em português: no trabalho). Essa nomenclatura abrange desde os programas de treinamento desenvolvidos e aplicados pelas equipes de recursos humanos das empresas desses portes, sem a colaboração externa, até o intercâmbio de profissionais de diferentes áreas dessas companhias que trocam seus conhecimentos por meio de palestras e eventos internos.

"Esses cursos fazem com que os funcionários mais experientes formem os mais novos. Outro exemplo seria o diretor de marketing da empresa fazer uma palestra para os atendentes do call center, a fim de ensinar a vender o seu produto e alinhar as diretrizes comerciais da companhia", conta Elaine Saad, diretora executiva da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) em São Paulo.

Dilema

Apesar de a tendência ser de uma maior capacitação nas micro, pequenas e médias empresas do País, Marco Reis, diretor da Fiesp, alerta para um dilema que ainda persiste no dia-a-dia do pequeno gestor. " O empresário pensa que vai capacitar e, em seguida, perder o empregado. Mas, na nossa visão, é, melhor capacitar e perder do que não capacitar. Outra dificuldade encontrada é conseguir o comprometimento do funcionário, envolvê-lo no negócio da empresa", afirma. Elaine Saad, da ABRH, concorda com Marco Reis e critica: "Fora isso, muitas das decisões são baseadas em situações isoladas, para alguns colaboradores, e não em uma política que considere o corpo funcional como um todo".

Parcerias

Consciente de que precisava capacitar os seus colaboradores para atingir os objetivos da empresa, de tomar-se- uma companhia global, Vanderlei Violin, vice-presidente da Climatempo, uma das maiores empresas de meteorologia do País, buscou em um formato pouco comum no mercado a alternativa para conseguir a capacitação e especialização necessária sem pesar muito no seu orçamento.

Geradora de conteúdo para internet e televisão, a Clama-tempo usa de parcerias e permutas em seu site e canal televisivo como contrapartida para cursos de idiomas e de tecnologia para os seus colaboradores. "Do quadro de cerca de 60 funcionários, 25 fazem inglês no Cel-Lep desde fevereiro do ano passado. Além disso, temos uma parceria com a Impacta para atualizar o nosso pessoal de tecnologia da informação (TI). Até agora, dos 60 colaboradores, 35 já passaram por cursos de especialização da nossa parceira", conta Violin.

O resultado não demorou a vir. Segundo o executivo, no ano passado, a empresa elevou em 40% o seu faturamento e multiplicou por dez o número de visitantes no seu site, de uma média de 20 milhões de visitantes por mês para cerca de 200 milhões mensais. "Sabemos que esse resultado não vem única e exclusivamente da capacitação profissional. Afinal, também investimos muito em TI. Mas, se não tivéssemos investido no nosso pessoal, ele não teria conhecimento para provocar esse resultado", explica.

Segundo Violin, o treinamento não pára por aí. Para 2008, a empresa está formando um comitê de planejamento estratégico que vai estabelecer metas e ações no curto, médio e longo prazo. " O treinamento é uma constante. Temos um cronograma para todos os departamentos da empresa. Temos também uma parceria com a Media Marketing School, em que estamos aperfeiçoando o nosso pessoal do comercial e colocando também os meteorologistas para fazerem um curso de marketing. Assim, eles aprendem como devem valorizar e vender as informações que têm", complementa.

Pesquisa mostra que 71% das empresas investirão mais em 2008

Distância

Com cerca de 16% da preferência das companhias, segundo pesquisa da Satdo, o ensino à distância é outra possibilidade que está ganhando espaço dentro das empresas. "Eu acho que essa tecnologia está cada vez melhor e há um número crescente de empresas adotando isso. Mas temos que tomar' cuidado, principalmente nos cursos de e-learning, que não exigem a presença e o acompanhamento de um instrutor.' Porque a falta de disciplina dó trabalhador pode causar a sua desistência", afirma Marco Baungartner.


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