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Empreender e aceitar sempre novos riscos pela frente


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Valor Econômico/Altamiro Silva Júnior

Economia, renda, consumo e venda de seguros em alta e - muito especialmente -um salto no lucro da companhia. Mesmo com essas boas-novas, 2007 não foi um ano fácil para Antônio Cássio dos Santos, presidente do grupo espanhol Mapfre no país. Foi, na verdade, um dos períodos mais difíceis dos seus quase 44 anos. Problemas de saúde na família obrigaram o executivo a conciliar a dura rotina de trabalho com visitas a médicos e hospitais, um enorme desafio mesmo para quem, como ele, perdeu o pai cedo e começou a ganhar a vida aos 9 anos. Tais adversidades levaram Cássio a receber com entusiasmo redobrado a premiação como Executivo de Valor pelo segundo ano seguido, num ramo sempre muito presente na sua vida - já aos 14 anos era off ice-boy da Seguradora Excelsior, do Recife.

O prêmio chega também como um reconhecimento ao êxito da Mapfre, companhia que saiu da 153 posição no ranking das maiores seguradoras brasileiras, em 2003, quando Cássio assumiu a presidência, para o sexto lugar. Em 2007, o faturamento cresceu 19%-os prêmios somaram R$3 bilhões - e o lucro líquido saltou 73%. A unidade brasileira, um quase nada diante dos negócios do grupo espanhol no mundo antes da chegada de Cássio, hoje já representa 10% do faturamento e do lucro. A Mapfre, note-se, é uma das maiores seguradoras da Europa.

Um destaque da seguradora, em2007, foi ter sido uma das poucas a crescer no concorrido segmento de automóveis - o mercado como um todo teve queda real nos prêmios.E ocrescimentonão foi pouco: 8%. Enquanto todas brigavam pelo mercado paulista e carioca, a Mapfre procurou compensar a forte competição e conseqüente queda de preços das apólices com presença maior em outros estados.

Ter atuação nacional é, aliás, ponto estratégico definido por Cássio. Hoje, são 122 escritórios espalhados por todo o país.Outro ponto é oferecer a maior linha de produtos possível, colocados no mercado por um variado leque de corretoras, das independentes aos grandes nomes internacionais no Brasil. Atualmente, são 83 produtos, de um seguro funeral, que custa R$ 1,50, até grandes apólices para aviões e plantas industriais, normalmente na casa dos milhões de reais cada um- o grupo conta também com fundos de investimento e cartão de crédito.

Para seguir a estratégia, no ano passado comprou a Vida Seguradora, criou uma empresa para vender títulos de capitalização e concluiu a absorção das operações da Roma Seguros. Começou ainda a vender seguros para motos e caminhões e entrou no mundo dos cartões de crédito. Quando Cássio assumiu a presidência do grupo, a Mapfre atuava basicamente no estado de São Paulo, com poucos produtos e poucos corretores.

São decisões arrojadas, mas dentro de postulados pelos quais Cássio costuma se guiar. Um deles: o importante é ser empreendedor e aceitar sempre novos riscos, o que chega a incomodar concorrentes. Alguns executivos do mercado classificam suas ações como "loucuras", outros chamam de "ousadas". Mas o certo é que dão resultado. A Mapfre se transformou na maior seguradora estrangeira no Brasil. É a segunda no mercado de vida, a quinta em automóveis e a terceira em garantias e crédito. Há exatos sete anos o faturamento era o equivalente, hoje, ao de 45 dias.

"Sem pressa, mas sem pausa", outro dos postulados de Cássio. "Não sou dono, e sim depositário de tudo que me é confiado", afirma, destacando que tudo pode mudar no futuro e é preciso agir agora. A companhia, por exemplo, pode a qualquer momento não mais desejar que ele fique na presidência. "Tenho que fazer o certo hoje", ressalta, "sempre com uma postura de aprendiz, mas com determinação."

ANTÔNIO CÁSSIO DOS SANTOS

Idade: 43

Formação: economista pela Universidade São Judas; mestrado na Vanderbilt University (EUA);

MBA pelo Ibmec

Primeiro trabalho: office-boy na Seguradora Excelsior, aos14 anos

Principais cargos ocupados: presidência do grupo Mapfre no Brasil; presidência da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi)

Horas médias de trabalho/dia: 12 a 13

Hobbies: ler, viajar, meditar e colecionar objetos que lembram fases da vida

"Em 1997, estava de volta ao Brasil depois de uma temporada nos Estados Unidos. Trabalhava na Multibrás. Voltei para a unidade brasileira, mas estava na 'geladeira'. Com tempo ocioso e graças ao aprendizado do mercado americano, comecei a pensar em novos projetos.

Um produto muito comum lá era o da garantia estendida, adicional à dada pelo fabricante de um aparelho eletrônico. Esse mercado engatinhava no Brasil e muitos diziam que não ia decolar.

Pensei na possibilidade de criar uma empresa específica de garantia estendida. Contei com a ajuda de um colega da Multibrás, que liberou recursos para o projeto e não encontrei resistência dos executivos superiores. Assim, montei a Garantech. O projeto foi oferecido ao Unibanco AIG e a Garantech se transformou em joint venture entre a seguradora e a Multibrás/Whirlpool. Hoje, ela é a maior empresa de garantia estendida da América Latina."


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