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A lei da melhor oferta


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Fonte: IRB / Correio Braziliense Fernando Braga

São quase 12 milhões de carros com mais de 10 anos circulando no país, a maioria sem seguro. Preço alto da apólice afasta o consumidor do serviço.
Fazer ou não um seguro? Por mais que os imprevistos e as inseguranças que rondam o dia-a-dia das pessoas levem a crer que a melhor resposta para essa questão seja um natural sim, a maior parte dos motoristas brasileiros não tem seguro. Segundo o diretor executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenaseg), Neival Rodrigues Freitas, do total da frota circulante do país - que gira em torno de 29,7 milhões de unidades - , apenas 22% têm seguro. Com um agravante: cerca de 40% dos quase 30 milhões de veículos que rodam no país já passaram dos 10 anos. O que aumenta ainda mais os riscos de acidentes. Mas o valor da apólice, considerado alto, acaba afastando o motorista.

Mas isso pode mudar. No último ano, devido à redução da sinistralidade e ao aumento da taxa de recuperação de carros roubados ou furtados - motivado pela utilização de rastreadores -, houve um ajuste, para baixo, no preço dos seguros. "A redução foi, em média, de 14,8% no preço", calcula Neival. E a médio prazo outros fatores podem ter impacto direto no custo do prêmio. Um exemplo é a Lei Seca - desde que foi sancionada, em junho deste ano, o número de acidentes fatais em rodovias caiu 13,6%, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. E como esse é um dos fatores levados em consideração na hora de calcular a apólice, a tendência é que no futuro haja um decréscimo no valor cobrado pelas seguradoras.

"O mercado de seguros se baseia em estatísticas. E se houver menos sinistros, poderá haver uma redução, sim. Isso a longo prazo, não apenas no resultado de poucos meses", defende o diretor de produto automóvel da Porto Seguro, Marcelo Sebastião. Ele explica ainda que outros quesitos são levados em consideração na hora de calcular o risco do perfil de cada cliente. "Os reajustes acontecem levando em conta fatores como taxas de roubo, furto, acidentes, preço de reposição de peças, mão-de-obra", cita.

Sendo assim, seguradoras e segurados podem se beneficiar da Lei Seca: os motoristas por não arriscarem a vida deles e de outras pessoas, e ainda por cima terem acesso a um preço de seguro menor que o cobrado atualmente; e as seguradoras por terem um argumento a mais para convencer os 78% do mercado que não têm seguro a fazê-lo. "O preço é um inibidor. Um prêmio mais barato vai permitir que uma camada maior da população tenha acesso a esse serviço", aponta Neival.

Aliado a isso, o bom momento vivido pela economia brasileira, quando os recordes na fabricação e vendas de carros novos são uma constante, também têm ajudado o setor. De acordo com a Fenaseg, o segmento pode crescer de 10% a 15%, e fechar o ano movimentando R$ 15 bilhões. "Registramos um bom equilíbrio na efetivação dos seguros para carros novos e seminovos. Quem não tem condições de adquirir um 0km sabe que precisa preservar o usado que tem em casa", conta a consultora empresarial de seguros Telmaiara Gomes, da corretora Taurus.

Gerenciamento de risco

Outros fatores são levados em consideração na hora de se calcular o preço de um prêmio. E é aí que nossos personagens da capa, Eduardo Barreto e Marta Maria, se encontram. Ou melhor, se distanciam. Isso porque cada um deles faz parte de um grupo específico para as seguradoras, que conta com os maiores e os menores descontos - as características de cada um definem o valor final do prêmio. "A análise do perfil do cliente é uma forma de "gerenciamento do risco". Dessa forma, o interessado pode ter acesso a um preço mais justo. Há uma década, por exemplo, o cliente que apresentava um risco menor pagava o mesmo valor que aquele de risco maior", lembra Telmaiara.

Marcelo cita alguns quesitos que podem aumentar ou reduzir os riscos para a seguradora. "Fatores como o usuário ter garagem na residência, filhos entre 18 e 24 anos, utilizar o veículo para atividade profissional ou apenas para ir ao trabalho e tempo de carteira fazem diferença", enumera. Isso sem falar no próprio carro: modelos esportivos e utilitários, por exemplo, têm um peso maior no cálculo.

No entanto, mesmo estando separados por um emaranhado de variáveis, Eduardo e Marta fazem coro na hora de definir a importância do serviço. "Sempre que troco de carro só saio da concessionário quando o novo (veículo) está assegurado", afirma a aposentada. "Tem gente que diz que é um gasto, mas acho que é um investimento. É como o seguro de saúde. Esperamos nunca usar, mas é sempre bom tê-lo na hora em que for necessário", aponta o universitário.


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