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Resseguros já atrai atenção dos investidores estrangeiros


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Fonte: Gazeta Mercantil | SP

Desde que foi aberto oficialmente em abril deste ano, o mercado de resseguros no Brasil, segmento que foi monopólio durante 68 anos pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB Brasil-Re), ganhou a atenção do mundo e acompanhou a entrada de grandes empresas internacionais no País. De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), atualmente existem 22 empresas resseguradoras em atividade no Brasil, sendo três locais - constituídas no Brasil e controladas ou não por companhias internacionais; nove admitidas - estran-geiras com escritório de representação no Brasil e dez eventuais - empresas constituídas no exterior, apenas com conta em moeda estrangeira vinculada à Susep.

O mercado global de resseguro movimenta mais de US$ 150 bilhões. No Brasil, a estimativa, de acordo com a Federação Nacional das Empresas de Seguros (Fenaseg) é de que o faturamento do setor de seguros e resseguros no País, que antes representava 3% do Produto Interno Bruto (PIB), cerca de R$ 69 milhões, dobre entre 2015 e 2018. Um estudo inicial, realizado logo que houve a abertura, prevê ainda que até 2010, o total de investimentos deverá chegar a R$ 348 bilhões, 100% maior em relação a 2006.

No entanto, o mercado ainda não decolou como se esperava. Mesmo que ainda seja um período para uma série de regulamentações nas quais as empresas devem se ajustar, já há quem defenda que são claras algumas dificuldades que impedem o crescimento. Entre elas estão as reservas de proteção para as seguradoras locais de 60%. "No mundo não funciona assim, o mercado tem que ser aberto de fato. Quando o governo dá preferência para as resseguradoras locais desmotiva quem planeja investir aqui", destaca Carlos Villares, sócio-diretor da Umbria Consulting & Services. Outro ponto importante é que as seguradoras brasileiras, além de estarem em um movimento de aprendizado para trabalhar com resseguro internacional, sofrem com a carência de profissionais capacitados, que conheçam plenamente o segmento ."Por essas razões operacionais e mais as dificuldades com cultura e idiomas, as empresas de seguro optam pelo caminho mais simples, trabalhando com o estatal IRB, ou seja, não muda muita coisa", completa Villares, destacando ainda que no Brasil existe uma série de regras para manipular contas no exterior em moeda estrangeira. "A empresa precisa dar conta de toda a movimentação financeira ao Banco Central e isso, obviamente, tira a liberdade das seguradoras para que elas negociem num mercado, supostamente, aberto".

Já para Henrique Oliveira, diretor-presidente da Swiss Re, uma das líderes globais no setor de resseguros, no Brasil desde 2006 e resseguradora admitida em maio deste ano, a pressa por resultados é natural de mercados jovens, porém é preciso esperar a hora certa. "Há uma ordem, uma seqüência de fatos, de pré-condições necessárias para uma operação de bom nível. Todos estamos aprendendo a lidar com a nova realidade, é uma transição. É melhor que seja assim, porque, usando a palavra da moda, só assim seremos 'sustentáveis'. Oliveira aposta na paciência como palavra-chave. "Não há nada, rigorosamente, dificultando o progresso, falta apenas que nós todos, agentes desse processo, cumpramos nossa 'curva de aprendizagem'. O que mais importa é mantermos as conquistas feitas até agora e preservarmos a solidez da indústria de seguros e resseguros no Brasil", afirma.

Quanto ao potencial do mercado de resseguros brasileiro, ele confirma que é realmente bastante grande. "Levando em conta o crescimento do Brasil nos últimos anos, os grandes investimentos em infra-estrutura que fazem parte do PAC, o crescente número de Parcerias Público Privadas (PPP), a ascensão das classes sociais, a conscientização do papel do seguro na vida do País, enfim, um ambiente macro-econômico promissor sob todos os aspectos, só pode causar melhoras no resseguro como um todo. Não especulamos sobre volumes, mas considerando que em 2007 o resseguro no Brasil movimentou apenas US$ 1,7 bilhão, podemos ser otimistas quanto ao futuro", finaliza Oliveira.

(Gazeta Mercantil/relatorio - Pág. 5)(Carla Costa)


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