Notícias

Subvenção impulsiona novas contratações de seguro rural


Fonte:

Fonte: Gazeta Mercantil / www.segs.com.br

Apesar de ter crescido sobre bases muito pequenas, o aumento de 157% na receita consumida pelo programa de subvenção ao prêmio do seguro rural no primeiro semestre de 2008 é encarado como um sinal de fortalecimento do setor.

De acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), entre janeiro e junho foram consumidos R$ 13,1 milhões ante os R$ 5,1 milhões do anterior. O milho safrinha consumiu R$ 3,4 milhões da subvenção ao prêmio, número 166% maior que o período anterior. Já o trigo absorveu R$ 7,5 milhões mais da metade do total, alta de 127%.

Do total movimentado no primeiro semestre, R$ 8,2 milhões já foram pagos pelo governo federal, contemplando 2.101 apólices. Os R$ 4,9 milhões restantes são de 1.299 propostas que já foram aprovadas pelo Ministério e esperam a emissão de apólices pelas seguradoras.

"Os números ficaram aquém da expectativa. O atraso na safra de verão tirou muitos produtores de milho safrinha do zoneamento", explica Welington Soares de Almeida, diretor do Departamento de Gestão de Risco Rural (Deger). Mesmo assim, a expectativa do diretor é que o crescimento continue firme no segundo semestre, quando as contratações deverão aumentar por causa da safra de verão.

Para o próximo ano, Almeida revela que uma parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) colocará à disposição das seguradoras e produtores quatro faixas de produtividade por município. "Com isso, o seguro ficará mais próximo da realidade de cada produtor".

O economista da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Pedro Loyola, acredita que o serviço de estatística é algo muito complexo e demanda muito tempo para ser atualizado. "Mas se estiver disponível no ano que vem é excelente para o produtor", disse. Loyola ressalta que a preocupação com o seguro agrícola é um indicativo de que o governo entendeu a importância do instrumento.

"Sou a favor da exigência de contratação do seguro no ato do empréstimo. Desde que reflita a realidade do produtor".

Para as seguradoras a informação é o fator mais importante na elaboração do produto. "Nossa matéria-prima é a informação. Quanto mais completa, melhor", ressalta Luiz Carlos Meleiros, superintendente de seguros agrícolas da Allianz. Para o executivo, o motor desse crescimento é a subvenção do governo. "Sem ela esse crescimento seria menor", observa. Só no primeiro semestre deste ano, a receita da companhia com prêmio foi de R$ 6 milhões. No ano passado inteiro, o faturamento foi de R$ 3,2 milhões.

"Neste ano começamos a operar com trigo, milho safrinha", acrescenta o executivo. Ele acredita que o programa de subvenção deste ano deverá consumir quase todos os R$ 160 milhões colocados à disposição.

Garantia de rentabilidade

O seguro rural surge como uma alternativa para o produtor rural garantir sua rentabilidade, mesmo após as perdas decorrentes de acidentes, fenômenos naturais, entre outros. Conforme a Federação Nacional das Empresas de Seguro Privado e de Capitalização (Fenaseg), o mercado desse tipo de seguro movimenta no Brasil, por ano, cerca de R$ 449,3 milhões. Nos últimos cinco anos, foi registrado um aumento de 326,13% no setor, sendo que, entre 2006 e 2007, a ascensão foi de 31,19%.

Atualmente, o seguro rural representa 1,6% no mercado nacional. De acordo com Adilson Neri Ramos, representante da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), essa fatia de mercado tem potencial de crescimento. "Considerando que nos últimos três anos o setor cresceu, aproximadamente, 300%, é muito provável que a sua representação no mercado nacional aumente", afirma.

No agrícola, as culturas de milho segunda safra, trigo e feijão, têm 60% de subvenção. "O produtor segurado paga 40% do valor do prêmio, e em alguns estados, como São Paulo, o governo estadual paga mais 20% do valor total do prêmio de algumas culturas, ou seja, os produtores paulistas acabam pagando bem menos", completa. Nas culturas de aveia, canola, cevada, centeio, sorgo, triticale, algodão, arroz, milho, soja, maçã e uva, o governo subsidia 50% do prêmio.

Para algumas culturas - frutas, verduras e legumes, como abacaxi, morango, tomate, beterraba e ameixa, os prêmios dos seguros são subvencionados pelo MAPA, em até 40%. Já o produtor interessado nos seguros pecuário, florestal e aqüícola, terá 30% do prêmio arcado pelo Ministério.

Mesmo com resultados crescentes, poucas seguradores arriscam entrar nesse tipo de mercado. "Elas têm medo do fator catástrofe, que é muito grande", afirma Ramos. Conforme as informações do gerente de seguros rurais da Porto Seguro, Luiz Moreira, a empresa resolveu iniciar as operações com o seguro agrícola recentemente, incentivada pela subvenção.

Moreira acredita no potencial de crescimento da modalidade, mas diz não ser possível mensurar seus resultados. "Nosso plano Porto Seguro Agrícola cobre danos causados pelo granizo nas safras de frutas: ameixa, caqui, figo, goiaba, maçã, nectarina, pêra, pêssego e uva, em todo o estado de São Paulo. Como a comercialização está no início, não é possível estratificar ainda as modalidades mais procuradas", afirma.

Meleiros diz que a subvenção do Governo Federal é o principal incentivador para a seguradora trabalhar com seguro rural, considerando o fator catástrofe.


« Voltar