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Flexibilidade é atrativo do "ciclo de vida"


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Fonte: Valor Econômico | Investimentos | SP

Muito populares em outros países há vários anos, os fundos "ciclo de vida" passaram a ser oferecidos no Brasil apenas no início de 2006 e deverão tornar-se tendência no setor de previdência privada. Nos EUA, onde são conhecidos como lifecycle ou lifetime, é o produto que mais cresce, com taxas anuais entre 60% e 70% desde 2002.

Sua principal característica é o de ajustar a alocação entre renda fixa e renda variável ao longo do tempo, de acordo com o ciclo de vida do investidor, que poderá obter maior rentabilidade em seus investimentos no longo prazo, mesmo que não tenha experiência ou tempo para acompanhar a gestão dos recursos. Quanto mais novo o aplicador, maior é o peso das ações na carteira. À medida que o investidor se aproxima da aposentadoria, progressivamente vai aumentando o peso dos títulos públicos. Isso ajuda os investidores a tirar, no início, vantagem do crescimento da renda variável e, no final, proteger a liquidez do fundo, alcançada nos primeiros anos.

No Brasil, os novos planos de ciclo de vida seguem os modelos VGBL e PGBL, assim como as tabelas de tributação de IR progressiva ou regressiva.

Quem estreou com esse produto no país foi o grupo Icatu Hartford. Em janeiro de 2006, lançou a família de fundos Minha Aposentadoria, atualmente composta pelos fundos 2020, 2030 e 2040 e vendidos exclusivamente para planos corporativos. Segundo o diretor de produtos, Luciano Snel, cada fundo é associado a uma data que mais se aproxima daquela estimada de aposentadoria do investidor.

"Criamos uma família de datas-alvos de aposentadoria. No fundo 2030, por exemplo, as pessoas têm o mesmo perfil", afirma. O fundo 2040 é o mais agressivo, iniciando com 45% de seu patrimônio em ações. Esse porcentual será gradualmente reduzido a zero até 2040. Os demais começam com menos peso em ações. No fundo 2020, o percentual máximo em renda variável é de apenas 20%. "Antes de decidirmos lançar estes produtos, por um bom tempo o nosso grande desafio foi colocar um grupo homogêneo de investidores num mesmo fundo."

Os fundos "ciclo de vida" têm origem num longo processo de transformação dos fundos de previdência nos Estados Unidos e em outros países ao longo das décadas de 80 e 90, com a migração dos planos de benefício definido, que se tornaram caros, para os de contribuição definida. "Esta mudança jogou para os participantes a responsabilidade de entender os investimentos", explica Snel. A partir de então, o grande desafio passou a ser a educação financeira de quem pretende investir em previdência. Nesse cenário, os fundos "ciclo de vida" surgiram como um produto inovador adequado à demanda, já que oferece uma política de investimento, pois o próprio fundo faz o "balanceamento" entre renda fixa e renda variável.

Segundo o diretor de produtos do Icatu Harford entre os fundos ciclo de vida "a variável principal é o horizonte de investimentos, a data de aposentadoria da pessoa". Lançado nos anos 90 nos Estados Unidos, o produto acabou ganhando espaço e seu crescimento explodiu a partir do início desta década, fazendo sucesso entre os investidores médios que não têm conhecimento do mundo financeiro ou não têm tempo para escolher onde aplicar seus recursos.

Para o diretor comercial da Brasilprev, Marco Barros, o sucesso inicial do produto no Brasil é também devido a sua característica inovadora, onde as pessoas estão, cada vez mais, preocupadas com investimentos de longo prazo. "Um plano ´ciclo de vida´ conjuga os investimentos em renda variável e renda fixa adaptando-os a um objetivo temporal. Se vou me aposentar em 2040, posso ficar um pouco mais exposto ao risco agora, no longo prazo vou minimizar a volatilidade do mercado."

A Brasilprev entrou no segmento "ciclo de vida" em agosto do ano passado, a primeira das grandes do setor previdência privada nacional a apostarem neste novo nicho. Para lançar o produto, contou com o expertise da Principal FinancialGroup, acionista da Brasilprev em parceria com o Banco do Brasil, e um dos maiores gestores de fundos lifecycle nos EUA.

Inicialmente os planos foram oferecidos para clientes com renda mais alta. Com o sucesso de vendas do produto, passou a ser vendido, a partir de janeiro, para toda a sua rede de varejo, bem como os planos empresariais. "Nos primeiros meses as vendas superaram nossas expectativas, foram cinco vezes maior do que esperávamos", afirma Barros. Segundo o diretor comercial, com ampliação da base de clientes em 2008, a carteira ficou mais heterogênea. Ainda assim, é possível traçar alguns perfis. "Entre os grupos que se destacam estão os profissionais liberais, de 35 e 40 anos de idade. Mas há, cada vez mais, outros públicos e já começamos a perceber um ´rejuvenescimento´ dos que adquirirem os planos ´ciclo de vida´. São pessoas entre 25 e 30 anos de idade."


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