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Fonte: DCI OnLine | SP
A crise financeira internacional deverá afetar o desempenho do mercado de seguros brasileiro, principalmente, em 2009. Para representantes do mercado, as seguradoras deverão sentir dificuldades em repassar seus riscos, que serão negociados a um custo mais alto. Segundo o presidente da Unibanco AIG Seguros e Previdência, José Rudge, a abertura do mercado de resseguros será um grande desafio para as seguradoras neste momento de crise.
"As seguradoras devem ser bem criteriosas na escolha de quem vai cobrir seus riscos no Brasil, e não sei se o setor como um todo entendeu esse recado", afirma Rudge, para quem a abertura do mercado de resseguros tornou as seguradoras brasileiras mais vulneráveis aos riscos externos. "É quase um risco de crédito que estamos assumindo com resseguradoras estrangeiras, pois, se houver quebra, quem tem de bancar é a seguradora", afirma Rudge.
Segundo ele, o fim do monopólio de resseguro, há 40 anos controlado pelo IRB-Brasil Re, gerou uma mudança nas regras do jogo muito forte, e, com a crise, trará um maior impacto no mercado segurador. O presidente da Unibanco AIG Seguros e Previdência defende a criação de comitês de securities dentro das seguradoras para fazer rating das resseguradoras no exterior. "Um preço de resseguro menor, por exemplo, pode colocar eventualmente o segurado em maior risco do que deveria estar", afirma o executivo.
De acordo com Marcelo Picanço, diretor financeiro da Porto Seguro, as resseguradoras internacionais estão sob pressão "muito grande" e com um custo de capital altíssimo neste momento. "O mercado internacional congelou o crédito e isso vai aumentar o custo de resseguro internacional", afirma Picanço.
De acordo com o diretor de seguro garantia da Mapfre, Rogério Vergara, a dificuldade de conseguir crédito em razão da atual crise financeira poderá levar à quebra de seguradoras. Para ele, as seguradoras que contratarem resseguro no exterior vão correr maior risco, já que não contarão com a ajuda de um órgão regulador. Além disso, segundo ele, a legislação internacional é bem diferente da brasileira.
"Imagine se uma seguradora precisar receber uma indenização da AIG, por exemplo", questiona Vergara. Para ele, há risco de solvência maior das seguradoras, o que poderá impedi-las de obter o resseguro em caso de contrato de alto risco. Segundo ele, antes de o IRB perder o monopólio do mercado, sete seguradoras especializadas em garantia quebraram, mesmo com a segurança que o Instituto passava ao mercado. "Agora esse risco é ainda maior", afirma Vergara. O mesmo acontece com operação de apólices em moeda estrangeira. "Além de manter em suas próprias contas correntes, o que exige custo elevado, as seguradoras vão precisar de equipe de inteligência técnica para se protegerem da variação cambial, fazendo hedge [proteção]", afirma Vergara.
O diretor executivo da Marítima Seguros, Marivaldo Medeiros, também acredita que com a restrição de crédito trará mais dificuldades de colocação de risco. "A taxa de classificação de risco [subscrição] ficará mais restrita e o preço do seguro vai subir, essa é a tendência do mercado em época de falta de liquidez", enfatiza.
Na opinião do presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros, Empresas Corretoras de Seguros de Saúde, de Vida, de Capitalização e Previdência Privada no Estado de São Paulo (Sincor-SP), Leôncio de Arruda, se, no próximo ano, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) ampliar de três para dez o número de seguradoras brasileiras a serem procuradas antes de o segurado recorrer ao mercado internacional, como está previsto, a tendência é de que o resseguro seja feito no Brasil, o que vai ajudar as seguradoras a não garantirem muito risco no exterior.
Oportunidade
Ao contrário de muitos representantes do setor, a Tokio Marine vê a crise como uma ótima oportunidade de negócio. Recentemente, a Susep autorizou a entrada da Tokio Marine & Nichido Fire Insurance a atuar como resseguradora no Brasil e logo deverá autorizar mais uma filial sua, a inglesa Tókio Marine Global.
Há quatro meses, a seguradora, com matriz no Japão, comprou a Philadelphia Consolidated Holding por US$ 4,8 bilhões, um dos maiores investimentos no setor. "Por mais que estejamos em um cenário de crise, a economia brasileira está estável e acredito que não será muito afetada", afirma o vice-presidente da seguradora, Sérgio Camilo.
Segundo ele, apesar da grande dificuldade enfrentada na Europa e na Ásia, a entrada dessas duas seguradoras de fora não se refletirá no desempenho da seguradora devido ao conservadorismo de suas operações.
"O setor de seguros brasileiro passa por uma fase positiva. Com a abertura do mercado resseguros haverá novas resseguradoras no País, com produtos diferenciados", afirma Camilo, segundo quem, apesar da crise, o consumidor vai continuar protegendo seu patrimônio, principalmente em ramos de grandes riscos.
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