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Crise financeira aumentará o preço do resseguro em 2009


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Fonte: DCI OnLine | SP

As seguradoras devem se preparar para o aumento do preço do resseguro no próximo ano. Segundo representantes do mercado, a crise financeira internacional é a mais grave já existente e a falta de liquidez provocará perdas de capacidade das resseguradoras, que conseqüentemente aumentam o valor do resseguro. "As seguradoras de grandes riscos precisam se preparar para a tendência de aumento do preço do resseguro", afirma Marcelo Homburger, vice-presidente da Aon Risk Services. Segundo ele, todas as renovações de resseguros estão sendo feitas a taxa igual ou maior do que a anterior.

De acordo com Sebastião Pena, gerente de Estratégia do IRB-Brasil Re, os preços vão começar a subir devido à redução das taxas de juros no mercado (quanto maior a taxa de juros, menor é o preço do seguro) e à falta de liquidez no mercado financeiro. "Isso também atinge a carteira das seguradoras brasileiras que têm grandes riscos", explica.

Apesar disso, para Carlos Caputo, diretor da Regional da XL Re Latin América, o mercado segurador está mais rígido por conseqüência da crise, que já afeta o preço do resseguro. "Com o aumento do preço no mercado, as resseguradoras locais terão vantagem competitiva devido à manutenção de todo o capital no País", afirma. Tanto a XL Re, como a Mapfre e a Ace, estão prestes a entrar no Brasil como resseguradoras locais. Segundo ele, é muito mais fácil lidar com o ressegurador local, que conhece bem a regulação brasileira. "Estamos no meio da crise, ainda vamos ter muitos acontecimentos pela frente", afirma.

Para Homburger, o risco de crédito, anteriormente a cargo do IRB-Brasil Re, ainda é novidade para as seguradoras. Segundo ele, as seguradoras devem gerar interesse dos resseguradores em cobrir seus riscos, se não, poderão ficar sem cobertura. "A lei brasileira permite que, se uma seguradora decretar falência, o ressegurador possa fazer o pagamento direto ao segurado", afirma Homburger.

Segundo João Marcelo dos Santos, da Demarest & Almeida Advogados, o que não pode acontecer é o ressegurador estrangeiro quebrar, pois toda a indenização fica sobre responsabilidade das seguradoras. "Elas podem até falir, mas são obrigadas a indenizar o segurado", explica Santos.

Riscos

Segundo Carlos Caputo, a análise do risco de crédito no mercado é fundamental, "pois a crise atinge em cheio as seguradoras e as resseguradoras de todo o mundo", afirma. Segundo ele, a maioria das grandes resseguradoras internacionais já está registrada no Brasil e nenhuma está livre da crise. "Quem poderia imaginar, há três meses, que a AIG iria quebrar?", analisa. Para Caputo, os riscos de crédito (subprime) da seguradora não foram bem avaliados pelo mercado.

"O fim do monopólio vai deixar o mercado mais vulnerável aos riscos, mas isso faz parte do jogo", afirma. Para ele, o mercado brasileiro tem que aprender a regular sinistros, principalmente aqueles provocados por catástrofes naturais. "Não temos ferramentas perfeitas para controlar riscos, apenas temos que prever melhor sinistros causados por estas catástrofes", explica. Eventos decorrentes do clima como o furação Catrina (2005), Gustav e Ike (2008) trazem conseqüências para o Brasil. "Só não podemos controlar eventos causados pelo homem, como os atentados de 11 de setembro", explica Caputo.

Segundo Homburger, fatores não gerenciáveis podem afetar o desempenho do mercado segurador, como os eventos causados por mudanças do clima, as taxas de juros e o comportamento do mercado financeiro. "O que podemos gerenciar é tempo e informação detalhadas para o mercado", afirma o executivo.

Para Homburger, a tendência é que o mercado indique quais são os reguladores mais competentes para a análise de sinistros. "Com o tempo saberemos quem são os melhores reguladores".

Segundo ele, a nova regulação para o resseguro no País é uma oportunidade, mas também gera riscos devido à maneira como foi construída. "Com a maior exigência de capital para conseguir resseguro, as seguradoras menores vão ter dificuldade de participar e de ganhar riscos facultativos e poderão mudar suas carteiras para ramos com menos riscos, garantindo sozinhas a capacidade de cobertura", explica.

Para Walter Polido, diretor técnico e jurídico na Munick Re no Brasil, a crise ainda não exigiu mudanças na forma de a resseguradora operar no mercado. Segundo ele, o setor utiliza poucas ferramentas para definir um preço justo para cobertura de riscos. Para ele, o mercado brasileiro vai abrir de fato, quando o IRB começar a negar mais riscos. "Tanto as seguradoras como as resseguradoras buscam lucratividade. Não existe, porém, risco ruim que pode ser transformado em risco bom", afirma. Segundo ele, todos estão com interesse em conhecer o setor de seguro brasileiro.


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