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Lloyd's se afasta da crise de crédito e lucro é recorde


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Fonte : Valor Econômico

O Lloyd's, mercado de seguros mais antigo do mundo, minimizou sua exposição tanto a pedidos de seguros decorrentes do naufrágio das hipotecas de baixa qualidade dos Estados Unidos como à crise de crédito e anunciou lucro recorde, pelo segundo ano consecutivo, de 3,85 bilhões de libras esterlinas (R$ 13,3bilhões) em 2007.

O diretor de finanças do grupo de seguradoras, Luke Savage, comentou que se a atual turbulência dos mercados financeiros fosse uma catástrofe natural como um terremoto, o Lloyd's teria sentido apenas 'tremores distantes'.

Embora o Lloyd's tenha separado dinheiro para pagar possíveis pedidos de seguro em apólices que protegem diretores e empresas, o grupo havia reduzido a proteção a instituições financeiras, após casos recorrentes como os escândalos da Enron e WorldCom. Isso limita sua exposição à atual crise financeira.

'Após termos queimado um pouco os dedos no início da década (...) o mercado (Lloyd's) mudou seus hábitos de subscrição (de apólices) e, agora, fazemos só uma fração do tipo de cobertura de instituições financeiras que costumávamos fazer', disse.'Sabemos que qualquer que seja o número final, acabará sendo de uma ordem de magnitude menor do que a vista na virada desta década.'

O Lloyd's recebeu entre 90 e 100 pedidos, ou notificações de possíveis pedidos, categorizados como hipotecas 'sub prime', de baixa qualidade, desde o início dos problemas com os papéis no terceiro trimestre. É apenas 'mínima fração' dos números vistos, em momento similar, do desenvolvimento da crise anterior, disse Savage.

Embora algumas das seguradoras do Lloyd's possam ter subscrito apólices protegendo diretores de 'monolines', como são conhecidas as seguradoras de bónus, os contratos normalmente cobriram apenas pequenas quantias. Savage disse não ter conhecimento de nenhuma questão específica relacionada à crise geral de crédito que se depare ante o Lloyd's. O grupo de seguradoras não tem exposição em sua carteira de investimentos a papéis ligados a hipotecas de baixa qualidade ou a bónus garantidos por seguradoras monolines, acrescentou Savage.

Os comentários acompanharam o anúncio de aumento no lucro, excluindo impostos, de 3,66 bilhões para 3,85 bilhões de libras esterlinas entre 2006 e 2007, impulsionados pela ausência de grandes furacões nos EUA, por fortes retornos em seus investimentos e pela liberação de dinheiro reservado em anos anteriores.

O grupo indicou, porém, que os preços de muitos tipos de seguros e resseguros estão em queda e que hã perspectiva de retorno sobre os investimentos mais baixo, o que pode dificultar igualar neste ano os números de 2007. 'Sim, estamos apresentando resultados positivos, mas estamos ressoando algumas palavras de cautela em relação ao que 2008 nos reserva', destacou o executivo-chefe do Lloyd's, Richard Ward.

Andrea Felsted e Maggle Urry
Financial Times, de Londres


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