Este website utiliza cookies
Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência, otimizar as funcionalidades do site e obter estatísticas de visita. Saiba mais.
Fonte:
Fonte : Gazeta Mercantil
O interesse por disputar o mercado de resseguros no Brasil está surpreendendo até mesmo os próprios operadores. Ontem o grupo espanhol Mapfre Re anunciou que aportará R$ 70 milhões para iniciar suas operações no Brasil em duas modalidades criadas pela lei 126, local e eventual. Trata-se da terceira resseguradora a constituir uma operação no Brasil. A primeira foi a J.Malucelli Re, seguida pela alemã Munich Re.
A Transatlantic Re, quinta maior resseguradora do mundo, também entrou nesta semana com pedido na Susep (Superintendência de Seguros Privados) para abrir uma resseguradora admitida. A terceira da lista da semana foi a American Home Assurance Company, também como admitido. Os dois têm como controladores o grupo AIG (American International Group) para operar em resseguros no Brasil. O capital mínimo exigido de cada um é de US$ 5 milhões.
Segundo Paulo César Pereira Reis, responsável pela Transatlantic Re e também presidente da Aber (Associação Brasileira das Resseguradoras), praticamente todas as resseguradoras que já estavam instaladas no Brasil, entraram com pedido de abertura na Susep. 'Mas muitos outros ainda virão', disse o executivo, que tem recebido os estrangeiros que o procuram para saber mais sobre a legislação brasileira.
A Mapfre Re do Brasil será comandada por Bosco Francoy, atual responsável pela Mapfre Re do Chile. No Brasil, o único executivo hoje é Ricardo Scacalossi Mariano, que ganhará colegas de trabalho. 'Operamos com uma estrutura enxuta e ainda não sabemos quantas pessoas iremos contratar', diz Francoy. A Mapfre Re está presente em 16 países, com escritórios na Argentina, Colômbia, Chile, México e Venezuela. Em 2008, o grupo espera que o mercado de resseguro latino represente 27% da carteira de prêmios com o mercado brasileiro. Em 2007, o grupo alcançou prêmios de resseguros de EUR 1,6 bilhão, 11,2% acima do ano anterior. O grupo espanhol atuará também como eventual para poder repassar para a matriz os contratos captados no Brasil com resseguradora local.
A opção da Mapfre para ser local é de longa data. 'Desde 1994 temos interesse pelo Brasil', diz Ramon Aymerich, executivo da Mapfre Re. Inclusive o grupo era um dos principais concorrentes a comprar o IRB Brasil Re no processo de privatização suspenso em 2000.
Segundo Pereira, a opção da Transatlantic por ser admitida foi fundamentada no conhecimento que o grupo tem do Brasil e também pela solidez financeira, com rating A+ da AMBest e AA da Standard & Poor´´´?R˜s. 'Isso nos possibilitará ter acesso aos principais ofertas de resseguros do País', aposta Pereira. O escritório da Transatlantic permanecerá no Rio, mas a empresa pretende dobrar o número de funcionários para 30. Além dos mercados tradicionais como grandes riscos, engenharia, garantia, responsabilidade civil e transporte, a Transatlantic também pretende operar em agrícola e vida.
O maior desafio do mercado brasileiro com a abertura é ter mais cuidado na preparação da apólice. 'É preciso saber interpretar o que o segurado quer e o que a resseguradora tem condições de conseguir no mercado internacional. A relação passará a ser mais técnica e menos comercial', diz o argentino Guillermo Leon, que mora no Brasil há mais de 30 anos e que está no comando do escritório de representação da AIU (American International Underwriters), braço internacional do grupo AIG em seguros e resseguros. Ele será o responsável pela subsidiária da AIG American Home Assurance Company, em São Paulo. Com sede em Nova York, ela foi a melhor opção do grupo AIG para atuar no Brasil diante das exigências da regulamentação brasileira.
Hoje o escritório da AIU tem dez funcionários, mas esse número deverá dobrar em seis meses com a contratação de executivos para compor a resseguradora admitida. A filial atuará com várias linhas de negócios, principalmente garantias financeiras, seguro de responsabilidade civil para executivos, apólice conhecida como D&O e riscos de engenharia. 'Estes são os produtos principais nos quais temos capital elevado e especialidade. Mas atuaremos também com grandes riscos', diz o executivo da AIG, que opera em mais de 130 países.
Nenhum dos investidores é capaz de estimar o tamanho do mercado de resseguros brasileiro nos próximos anos e nem arriscar a participação que cada grupo terá no mercado. 'Tudo dependerá no número de concorrentes, o quanto o mercado estará competitivo em termos de preço, dos lançamento de produtos entre outros pontos-chaves que podem determinar o plano de negócios', diz Pereira.
O plano de negócios para o Brasil, segundo os entrevistados, projeta um incremento razoável do mercado de resseguros local, mas não de imediato. É esperada uma queda inicial de prêmio em razão da concorrência e também de algumas carteiras de seguros que estavam com preço acima devido ao monopólio no País. Mas eles são unânimes em dizer que terão lucro já no primeiro ano. 'Precisamos ter resultado para que o acionista coloque mais dinheiro na operação local', diz Aymerich, que lembra a ausência de catástrofes naturais no Brasil, mas ressalta que o País foi o que recebeu do mercado internacional as duas maiores indenizações individuais do mundo: Petrobras e CSN.
O mercado de resseguros é estimado em R$ 3,7 bilhões em 2007. Segundo estudo do consultor Roberto Castiglione, em 2008 o valor saltará para R$ 4,2 bilhões e no seguinte, para R$ 4,9 bilhões. Para 2010, a projeção é de resseguro de R$ 5,5 bilhões e de R$ 6,2 bilhões para 2011.
Denise Bueno
Gazeta Mercantil
Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência, otimizar as funcionalidades do site e obter estatísticas de visita. Saiba mais.