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Crise impulsiona carteira de crédito


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Fonte: Jornal do Commercio

A crise financeira internacional preocupa, mas também pode ser uma janela de oportunidade para determinados segmentos. É o caso, por exemplo, do seguro de crédito voltado para exportações ou para as vendas no mercado doméstico. Em algumas seguradoras, como a Crédito y Caución, a procura por esse tipo de seguro cresceu perto de 50% em 12 meses. "Esse seguro ainda não é muito difundido no Brasil. Mas, a procura vem crescendo bastante desde o início da crise", afirma o presidente da empresa, Jesùs Angel Victorio Cano. No seguro de crédito externo, embora ainda com pequena participação de mercado, a seguradora cresceu 66,2% em 12 meses, fechados em setembro. Na carteira de crédito interno, risco comercial, a expansão da companhia no mesmo período foi de nada menos que 1.690%, pelos dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Jesùs Cano diz que o aumento da demanda, associado ao fato de os riscos terem crescido, vem se refletindo sobre o preço final do seguro. Ele revela que "os ajustes no valor do prêmio têm sido mais comuns nas coberturas para as vendas destinadas aos países desenvolvidos, os mais atingidos pela crise". Para ele, com o seguro de crédito o risco de inadimplência em vendas a prazo pode, sim, ser mitigado, dando às empresas a possibilidade de trabalhar com segurança.

Pelos números da Susep, relativos ao acumulado de janeiro a setembro, o mercado de seguros de crédito interno, risco comercial, movimentou quase R$ 200 milhões, 8% a mais do que em igual período de 2007. Nas indenizações pagas, o valor chegou a R$ 110,6 milhões, alta de 46,8% ante os nove primeiros meses do ano passado.

No segmento do seguro de crédito à exportação, as cinco seguradoras especializadas giraram receita próxima de R$ 26 milhões, crescendo 6,7% frente aos nove primeiros meses do ano passado. As indenizações pagas, por sua vez, evoluíram 41%, para R$ 2,503 milhões. Contudo, os sinistros de seguros beiravam em setembro a cifra de R$ 23,3 milhões, registrando crescimento de nada menos que 134,4%.

O presidente da Crédito y Caución observa que o preço do seguro contratado por empresas que exportam para o mercado norte-americano, que era muito baixo, "agora está sendo agravado, diante do aumento da possibilidade de sinistros".

Jesùs Cano explica ainda que a procura pelo seguro também vem aumentando no mercado doméstico. Isso porque, além de o mercado local não estar imune dos efeitos da crise, há também um entendimento melhor sobre a importância desse tipo de cobertura. "Além do seguro em si, nós oferecemos serviços como a prevenção de risco, ao avaliarmos a solvência do cliente; o monitoramento do risco, essencial para detectar problemas; e até a cobrança da dívida, com equipes especializadas em vários países. São os nossos pilares", frisa o executivo, acrescentando que o seguro cobre até 90% do limite de risco.

A Crédito y Caución, que opera direcionada para o seguro de crédito interno e externo, está presente em mais de 40 países. Ainda em 2007, a seguradora se fundiu com a Atradius, formando, dessa forma, a segunda maior seguradora de crédito do mundo, atrás apenas da líder Euler, que também opera no Brasil. O grupo faturou 1,8 bilhão de euros em 2007.

O potencial do mercado interno brasileiro é bastante promissor. Afinal, como poucas empresas conhecem o produto, estima-se que pouco mais de 500 companhias tenham contratado um seguro de crédito. A maioria desses clientes é formada por multinacionais. Para se ter idéia, apenas na Espanha, a Crédito y Caución tem mais de 30 mil clientes.


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