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Fonte: Diário do Comércio - São Paulo - SP p. 4
Os primeiros balanços da tragédia em Santa Catarina mostram que alguns problemas estão apenas começando. Das 35.325 pessoas que ainda dormem em abrigos ou com familiares, pelo menos 8 mil tiveram as residências totalmente destruídas. Talvez nunca mais voltem para casa: em pelo menos 25 comunidades condenadas pela Defesa Civil, não haverá preocupação. Todas as cidades afetadas cancelaram eventos tradicionais de Natal e fim de ano para realocar o dinheiro no socorro às vítimas. O solo está saturado e o lençol freático permanece elevado. Por isso, análises da Universidade Federal de Santa Catarina indicam que, após a chuva recorde de novembro, o solo só vai se estabilizar em seis meses. Até lá, haverá risco de deslizamentos.
As imobiliárias da região atingida já acusam um aumento de quase 700% na procura por residências, mas a maioria não conta com levantamentos sobre a condição atual dos imóveis que estão à venda ou para alugar. Pior: Itajaí ainda tem cinco bairros sem água e sem luz, e 46 das 91 escolas da cidade não poderão mais ter aulas. As estradas só serão liberadas no dia 19. Dois abrigos que até segunda-feira eram seguros em Luiz Alves ontem tiveram de ser evacuados. Em Gaspar, o Corpo de Bombeiros sabe a exata localização de oito corpos soterrados, mas não pode trabalhar nos morros, porque estão cedendo.
Blumenau sofre com uma névoa de poeira que se formou quando a lama secou. Até os técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo tiveram de voltar à estaca zero no Morro do Baú, depois das chuvas que caíram na região na noite de anteontem e na manhã de ontem.
São famílias, bairros e cidades em estado de suspensão. Ao longo de toda a região do Vale do Itajaí, em áreas totalmente varridas do mapa como o Alto do Baú até lugares turísticos como Blumenau, os personagens dessa tragédia sempre terminam de contar suas experiências com um ponto de interrogação. "Mas e agora, o que vou fazer daqui para frente ".
São pessoas como Ezequiel Vergino, que dorme em um abrigo em Ilhota com outras 200 pessoas desabrigadas e teve a casa de madeira que ele mesmo construiu simplesmente reduzida a destroços pelas enchentes. Ou Mariana Franceschini, dona de uma lanchonete em Navegantes que acumula contas e perdeu 80% do faturamento.
Outro caso é do estampador André de Oliveira, que perdeu em um desabamento a mulher Débora, a filha Ester, o filho Elienai, a sogra Maria, a cunhada Franciele e a prima Jéssica. Débora ainda estava grávida já haviam até escolhido o nome, Eliá se fosse menino, Elisama se fosse uma garota. "Perdi a vontade de viver também", desabafa. "Vou para a casa de um parente, mas e daí, o que faço Nada é pior que isso. A gente perdeu o chão."
Ontem, foi retomada a reparação do gasoduto Brasil-Bolívia, em Gaspar. A Defesa Civil de Santa Catarina permitiu que a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil (TBG) reiniciasse a soldagem da tubulação. No dia 23, ele foi rompido por um deslizamento de terra. Se não houver novas interrupções, a obra será entregue em 15 de dezembro.
A Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina recebeu notificação de 62 casos suspeitos de leptospirose. De acordo com a secretaria, é considerado com suspeita da doença o indivíduo que apresenta sinais e sintomas de processo infeccioso agudo (como febre, cefaléia e mialgia) e que tenha sido exposto à água ou à lama de enchente nos últimos 30 dias anteriores à data de início dos sintomas.
Os casos suspeitos notificados até o momento estão divididos entre Itajaí, Blumenau, Balneário Camboriú, Navegantes, Luiz Alves, Itapema, Jaraguá do Sul, Ilhota e Penha.
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