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A versão "tupiniquim" do resseguro


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Fonte: Apólice - Nacional - NA p. 29

Perdas nos ativos financeiros das empresas estimo am aumento das taxas. Num cenário aberto, o Brasil pode não ser tão prejudicado. O momento é de interesse dos profissionais do mercado e também dos corretores de seguros.

O final de 2008 esboça um cenário favorável ao crescimento das taxas do resseguro no próximo exercício. Apesar de as empresas buscarem no retorno operacional os tostões que deixaram de faturar na área financeira o Brasil pode não ser tão afetado por ter um retrato diferente do resto do mundo. "O mercado de resseguros brasileiro não sofrerá tantos efeitos, pois ele é novo. Não existe nenhum outro igual", considerou Jorge Caminha, diretor-presidente da corretora de resseguros Guy Carpenter, no evento "Resseguro para seguradoras", promovido pela Escola Nacional de Seguros (Funenseg), entre os dias 25 e 26 de novembro.

Para ele, o cenário estimula o aumento do prêmio que será compensado na oferta, porém, isso pode não acontecer. "A elevação pode não se tornar uma realidade ou não ser tão alta. Além disso, as seguradoras passarão a buscar o resseguro em ramos que não eram tão óbvios", explicou ele.

Antes, para ramos como automóvel, vida e saúde, as companhias não recorriam ao resseguro. Com a abertura do mercado, este produto deixa de ser exclusividade dos grandes riscos e amplia-se a janela de negócios. Na visão de Walter Polido, coordenador do curso de resseguro da Funenseg, é incoerente afirmar que diante do encurtamento do dinheiro das seguradoras, os preços subirão. Pesquisa feita pela Risk & Insurance Management Society Inc. (Rims), organização que reúne mais de mil gerentes de risco das principais empresas americanas, mostra que o período de redução das taxas de resseguro pode estar perto do fim após cinco anos de um período conhecido como soft mnarket. "É meio complicado falar que o mercado de resseguro terá perdas e será afetado pela crise financeira", afirmou Polido.

Enquanto o ano não vira, novas resseguradoras e corretoras de resseguros recebem autorização para atuar no Brasil. Recentemente, chegaram Mapfre Re, Sompo Japan Insurance, Liberty Mutual Insurance. Entre as corretoras, receberam autorização para operar a Lockton Re, Global Risk Brasil e Pecus Corretora de Resseguros.

O interesse pelo mercado não é só das companhias estrangeiras, mas também dos profissionais do setor no Brasil: seguradores, corretores e empresas que prestam serviços para o mercado brasileiro procuram se preparar e conhecer melhor este novo mercado. "Ninguém sabe o que vai acontecer. Isso faz com que as pessoas busquem conhecer um pouco mais sobre o resseguro. O mercado já é carente de técnicos em seguro, imagine em resseguro", avaliou Rosana Costa Barbosa, gerente técnica de seguros da Unibanco Seguros & Previdência.

Esse foi um dos motivos que levou Wilson Alves Feitosa, diretor de controladoria da Tokio Marine ao seminário da Funenseg. "O assunto é totalmente pertinente. Em dois dias, os palestrantes conseguiram apresentar uma diversificação de temas sobre o mesmo assunto", analisou.

A demanda também é comprovada nos cursos de resseguros disponíveis na Escola. Segundo Polido, no ano que vem começará a terceira turma de resseguros com 40 alunos. "O resseguro será matéria obrigatória do curso superior. Conhecer como é o contrato e as modalidades do resseguro será muito importante", avisou João Leopoldo Bracco de Lima, diretor da Funenseg.

Geralmente, o público presente nesses cursos é composto por profissionais que já trabalham com resseguro, entretanto, os corretores também se mostram interessados pelo assunto. É o caso de Luis Fernando Alves. Na opinião do corretor, este é um bom momento para conhecer a nova posição do mercado de resseguros. "Tenho receio de que o segurado final tenha algum tipo de prejuízo. No resseguro, o relacionamento é mais impessoal, profissional e comercial", avaliou ele, que assumiu: "Isso nos assusta".

Num cenário aberto, é bem provável que o segurado do qual Alves tem medo que seja prejudicado saia beneficiado. Conforme informou Margo Black, CEO da Willis Corretora de Resseguros, as condições diferenciadas, onde são separados bons riscos dos ruins, criam o mercado aberto. "A partir desta separação, as seguradoras conseguem ser mais agressivas na área de seguros e passar preços melhores aos seus clientes finais", declarou.

Independente se a visão de Margo se concretizar, o corretor não pode deixar de se manter informado por meio de seminários, cursos e também troca de experiências com empresas parceiras. Segundo Alves, também é importante conhecer bem os contratos de resseguro, principalmente os facultativos (para riscos individuais, excluídos de tratados e que excedem a capacidade do mesmo) participando das negociações junto com as seguradoras. Só assim ele terá condições de avaliar quais serão os possíveis impactos na vida do seu segurado: positivos ou não.


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