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Fonte: Valor Econômico - Nacional - NA p. 10
Estratégia Comparação com outros países mostra gastos altos; redução de 5% geraria R$ 3,8 bi de ganhos.
As seguradoras brasileiras são pouco eficientes quando comparadas com suas parceiras em outros países. Aqui, gasta-se muito. A relação entre as despesas administrativas e os prêmios ganhos com as vendas de seguro, um dos indicadores para se avaliar a eficiência, é de 22,35% no Brasil, quase o triplo do mesmo índice das seguradoras de países desenvolvidos, como a França. Mesmo em comparação a outros países da América Latina, o Brasil tem posição desfavorável e só tem melhor indicador que o México.
A pesquisa foi feita pela consultoria espanhola everis e apresentada na semana passada em São Paulo, com exclusividade ao Valor. Christopher Bunzl, sócio responsável pela área de seguros, veio ao Brasil especialmente para mostrar a pesquisa. Mesmo em tempos difíceis, ele está otimista com o futuro do setor de segurados brasileiro. "Um mercado que vai crescer 12% este ano não está em crise", afirma, ressaltando que na Espanha, as vendas devem aumentar apenas cerca de 1% em 2009.
Apesar do crescimento e do potencial do mercado local, Bunzl destaca que as seguradoras brasileiras vão precisar se ajustar à nova realidade. Uma delas é a taxa de juros em queda, que vai reduzir a receita das aplicações financeiras e forçar a uma melhora da parte operacional das empresas. Na quarta-feira, o Banco Central deve anunciar o primeiro corte na Selic, dos vários esperados para este ano.
O cenário mais competitivo e as novas regras de solvência da Superintendência de Seguros Privados (Susep) também estão levando a ajustes nas seguradoras para se tornarem mais eficientes e terem custos menores. O estudo da everis conclui que as despesas nos países mais eficientes variam entre 8% a 12% dos prêmios. Já em outros mercados que não atingiram tal nível de excelência, o número é muito mais alto, na casa dos 21 %.
O Brasil está em uma das últimas posições do ranking. Na avaliação de Rafael Garrido Rivas, gerente da everis no Brasil, fatores como a sobreposição de funções, ferramentas inadequadas e processos ineficientes ajudam a entender a má colocação brasileira. Há uma diferença de 14 pontos percentuais em termos de eficiência entre o Brasil e os países mais eficientes. Segundo cálculos da consultoria, uma redução de 5% nos gastos administrativos já colocaria o Brasil no nível da Alemanha e geraria ganhos médios de R$ 3,8 bilhões, considerando as 25 maiores seguradoras do mercado.
Para os executivos das seguradoras, o mercado brasileiro e o próprio país têm particularidades que complicam as comparações com outros países. Em termos de eficiência, os profissionais destacam principalmente aárea de tecnologia das seguradoras, que vem se modernizando.
Augusto Elias, superintendente de operações da seguradora Liberty, avalia que as seguradoras brasileiras são eficientes para o contexto do mercado local. A própria unidade brasileira da Liberty é considerada referencial de eficiência pela matriz americana. Por conta das especificidades do Brasil, a comparação com outros mercados é desfavorável para as companhias brasileiras. Elias destaca, por exemplo, a instabilidade da legislação aqui, que traz custos para as seguradoras, que precisam sempre se ajustar às novas regras. "Não é o excesso de regulamentação que é o problema, mas as constates alterações nas leis."
As mudanças regulatórias também são apontadas por Fátima Primati, diretora de tecnologia da seguradora Metlife, como um problema do mercado brasileiro. "Ainda sofremos mudanças na legislação de maneira incerta", diz ela. Todas essas mudanças, afirma a executiva, têm que ser acompanhadas de alterações nos processos internos das seguradoras, o que gera custos. Nos últimos dez anos, a Susep soltou cerca de 2 mil normativos.
Bunzl, o sócio da everis, diz que na Espanha, também há mudanças constantes nas regras. Mas lã, as seguradoras conseguiram dar alguns passos para ficarem mais ágeis, principalmente as companhias que operam com produtos mais padronizados, co-mo apólices de automóveis e saúde. Nos autos, foi criado um cadastro único de veículos para todo o mercado. Em saúde, também ocorreu uma padronização. No mercado espanhol também começaram a aparecer seguradoras de nichos e altamente especializadas. Uma delas é a Ba- lumba, que faz apólice de automóveis apenas para o púbüco jovem e só vende pela internet. O seguro oferecido é o mais básicoe barato possível e cada item extra que o cliente quer, paga-se uma quantia a mais. A cobertura, por exemplo, é só para trechos urbanos. O jovem que quiser pegar a estrada, paga mais caro.
"As seguradoras brasileiras precisam se modernizar. Não dá para ficar no tempo da Arca de Noé", diz Mauro César Batista, presidente do Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização do Estado de São Paulo (Sindsegsp).
Bunzl, da everis: "Um mercado que vai crescer 12% este ano não está em crise"
Na lanterna
Brasil na comparação corn outros países
Fonte: Everis 'avaliada com base no percentual entre os gastos administrativos e os prêmiosm amostra das 25 do pais
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