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Fonte: Valor Econômico | SP
As agências de classificação de risco de crédito são importantes responsáveis pela atual crise de credibilidade nos mercados financeiros e precisam ter um controle de qualidade externo. Essa é a avaliação de Jérômes Cazes, executivo-chefe (CEO) da Coface, a maior seguradora de risco de crédito corporativo do mundo, pertencente ao grupo francês Natixis, que possui um sistema de ratings próprio.
"Trata-se de um drama em dois atos", comentou Cazes, durante jantar com a imprensa. O primeiro foi o chamado "subprime", o crédito hipotecário de alto risco nos Estados Unidos. Inicialmente, as agências de classificação de crédito "fizeram de conta que entendiam os ativos estruturados de crédito, quando a realidade era que ninguém entendia esses ativos", disse. Depois, isso ficou claro e "todos perderam qualquer confiança nos ativos financeiros, não importa qual o rating que eles tivessem."
O segundo ato é intitulado Lehman Brothers. "As agências de rating fizeram de conta que entendiam os balanços dos bancos de investimento, quando a realidade é que ninguém entende esses balanços", completou. Quando a Lehman Brothers quebrou, afirma, todo mundo perdeu qualquer tipo de confiança em ativos bancários.
"E onde estamos nós?", indagou ele. "Em um mundo no qual toda a confiança foi perdida." Por isso, segundo Cazes, é de primeira importância que as autoridades reguladoras busquem trazer de volta essa confiança na avaliação de risco de crédito. "Se você não consegue medir o risco, você não será capaz de fazer o crédito voltar nem de reconstruir o mundo financeiro", disse o executivo.
Segundo Cazes, todas as indústrias do mundo têm um tipo de controle externo de qualidade, com exceção da indústria de rating. "Se você quer produzir sanduíches, você terá de provar que seus sanduíches não são venenosos; se você vai produzir brinquedos, você tem que provar que esses brinquedos não vão explodir nas mãos das crianças", comparou.
Para ele, o mercado financeiro passará por um grande teste nas próximas semanas. "A regulação americana para as agências de rating falhou e agora nós vamos criar uma européia", disse. Segundo Cazes, "nós fizemos muito lobby e agora parece que o Parlamento Europeu está entendendo que nós temos que demonstrar isso, que com esse novo tipo de regulação uma crise dessas proporções não será possível de novo". As autoridades européias, de acordo com ele, pensam mesmo em colocar "algum tipo de controle externo das agências de rating".
O sistema de ratings corporativos da Coface tem se mostrado mais apurado, pois a empresa usa esse próprio sistema para decidir qual o preço que vai colocar em um seguro. "Nós colocamos nosso próprio balanço no nosso rating", comentou Cazes. Segundo ele, "com ? 400 bilhões de exposição ao risco de crédito corporativo no mundo todo era de se esperar algum impacto, mas nós estávamos preparados", afirmou. De acordo com o executivo, a surpresa foi com relação à severidade da crise. "Subestimamos o impacto nas empresas", disse.
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