Notícias

Obama pedirá ao Tesouro que tente bloquear pagamento de bônus da AIG


Fonte:

Fonte: Folha Online

AIG diz que os bônus fazem parte dos contratos dos executivos - incluindo daqueles responsáveis pelas divisões da empresa que estão mais envolvidas na crise em que a empresa se encontra

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira que pedirá ao Departamento do Tesouro para tentar impedir, 'por todo meio legal', a seguradora AIG (American International Group) de pagar US$ 165 milhões em bonificações a executivos.

A AIG diz que os bônus fazem parte dos contratos dos executivos - incluindo daqueles responsáveis pelas divisões da empresa que estão mais envolvidas na crise em que a empresa se encontra. Como são cláusulas contratuais, a AIG não pode simplesmente suspender o pagamento dos bônus.

A seguradora já havia recebido US$ 150 bilhões do governo quando foi anunciado um novo pacote de ajuda, no valor de US$ 30 bilhões, no último dia 2 - mesmo dia em que a seguradora apresentou um prejuízo de US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre, o maior já registrado por uma empresa americana. No ano passado como um todo, a AIG anunciou uma perda, também recorde, de US$ 99,289 bilhões.

'Nos últimos seis meses, a AIG recebeu somas substanciais do Departamento do Tesouro', disse Obama, que acrescentou que pediu ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que use esse argumento e 'busque todo meio legal para bloquear esses bônus'. Obama disse ainda que a AIG é uma empresas 'que se encontra em dificuldades financeiras devido à negligência e à ganância'.
'Nessas circunstâncias é difícil entender como os operadores de derivativos na AIG tenham conseguido bônus, que dizer então de US$ 165 milhões em pagamento extra', afirmou o presidente. 'Como eles justificam esse ultraje frente aos contribuintes que estão mantendo a empresa em pé?'

Representantes da Casa Branca disseram, segundo o diário americano 'The New York Times' ('NYT'), que o governo não está tentando levar a AIG à Justiça para impedir o pagamento dos bônus, mas que o Tesouro vai fazer com que a empresa se limite a pagar seus executivos dentro do estipulado em seus contratos.

'No país todo há pessoas que trabalham duro e cumprem suas responsabilidades todos os dias, sem o benefício de ajudas do governo ou bônus milionários', disse o presidente. 'Tudo que elas pedem é que todos joguem pelas mesmas regras.'
O executivo-chefe da AIG, Edward Liddy, aceitou reduzir alguns pagamentos, mas, em carta enviada a Geithner, alertou para o perigo que a companhia correria de perder alguns de seus executivos, 'se eles achassem que a compensação está submissa a um ajuste contínuo e arbitrário' por parte do departamento.

O principal conselheiro econômico do presidente Obama, Lawrence Summers, disse que o pagamento dos bônus aos executivos da AIG é um 'escândalo', em uma entrevista à rede americana de televisão ABC, mas acrescentou que os Estados Unidos 'são um país de leis, há contratos e o governo não pode revogá-los'.

A reação no Congresso foi parecida. O democrata Barney Frank, presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados), disse à rede de TV Fox News, que o governo deveria ter imposto à AIG 'regras mais estritas desde o início' em troca de fornecer dinheiro público.

O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, acusou o governo Obama de 'simplesmente ficar parado olhando e acusar a administração anterior'.


« Voltar