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Governo quer mais poder para intervir


Fonte: Gazeta Mercantil - São Paulo,SP,Brazil


Washington, 25 de Março de 2009 - Os dois principais líderes econômicos dos Estados Unidos requisitaram novos poderes para adquirir e encerrar as atividades de companhias financeiras em queda, depois da acidentada ajuda do governo à seguradora American International Group (AIG).

"Como vimos com a AIG, as instituições financeiras problemáticas e interligadas podem representar riscos sistêmicos do mesmo modo que os bancos problemáticos", afirmou o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, em depoimento em uma audiência de ontem da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes, em Washington. Ben Bernanke, chairman do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), disse que "AIG enfatiza a necessidade premente por novos procedimentos e resoluções."

Bernanke e Geithner também pediram uma regulamentação mais severa para diminuir os riscos assumidos por empresas que podem ameaçar o sistema financeiro. Os comentários soaram como um presságio a algumas das possíveis mudanças para as regulamentações nos EUA, diante da pior crise desde os anos 1930.

Ambos ratificaram sua oposição aos pagamentos de bônus para a divisão de produtos financeiros da seguradora que quase entrou em falência, a AIG Financial Services, sendo que Bernanke declarou que de início tentara entrar com uma ação legal para impedi-los.

O depoimento dos dois comandantes econômicos forneceu novos detalhes sobre os esforços oficiais para impedir o pagamento de US$ 165 milhões, que provocou furor e incitou a Câmara a aprovar um imposto de consumo sobre as bonificações a empresas que recebem mais de US$ 5 bilhões em ajuda federal.

"O contribuinte, a pessoa comum, e os políticos encaram a AIG como nossa companhia", disse Andrew Laperriere, diretor-gerente do International Strategy & Investment Group em Washington. O Congresso "irá calcar o controle sobre como essas empresas operam" à medida em que os bancos recebem bilhões de dólares em ajuda dos contribuintes, explicou o executivo da consultoria.

Comando

Enquanto o governo controla quase 80% da AIG por meio de ações e garantias, o presidente do Fed de Nova York , William Dudley, disse que seu banco não detém autoridade sobre as operações do dia-a-dia da seguradora. "A responsabilidade pelos assuntos cotidianos da AIG continua a ser do principal executivo da companhia, Edward Liddy, sob a supervisão do conselho diretor da AIG", disse em audiência.

Os legisladores enfatizaram a revolta pública a respeito da ajuda federal de US$ 182,5 bilhões para a AIG. A seguradora com sede em Nova York pagou os bônus para funcionários da divisão que alavancou a ajuda financeira com prejuízos sobre credit-default, menos de duas semanas após divulgar um prejuízo de US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre, no início de março, o maior da história corporativa dos EUA. No ano, o resultado ficou negativo em US$ 99,3 bilhões.

O representante Donald Manzullo, republicano de Illinois, informou que os contribuintes foram afetados por prejuízos de 40% a 50% em seus portfólios de investimentos, enquanto pessoas com planos de aposentadoria estruturados pela AIG nada perderam. "Estão pagando US$ 40 bilhões para que outras pessoas nada percam com seus planos de aposentadoria", disse Manzullo. "É isso que está dizendo. E é isso que aconteceu, não é verdade?"

Bernanke respondeu que a ajuda para a seguradora foi providenciada para evitar um colapso "catastrófico" no sistema financeiro que poderia ter provocado prejuízos ainda maiores nos portfólios. A AIG recebeu sua primeira ajuda, de US$ 85 bilhões , em setembro do ano passado, e concordou em entregar uma participação de 80% ao governo dos EUA. A ajuda aumentou para US$ 122,8 bilhões e depois para US$ 150 bilhões, à medida que o governo procurava impedir prejuízos nos bancos credores da seguradora.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Bloomberg News)


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