Notícias

Desafio é conquistar público de menor renda


Fonte:

Fonte Gazeta Mercantil


2008 é um ano histórico para a indústria de seguros do Brasil. Depois de quase 70 anos operando dentro de um sistema de monopólio de resseguros, uma operação tida como matéria- prima das seguradoras, há liberdade parcial para negociar. Um passo e tanto depois de 12 intermináveis anos de negociações. Pode parecer algo insignificante para os consumidores normais de seguros, em razão das seguradoras contratarem resseguro apenas para grandes riscos.

Mas abrir o mercado de resseguros exigiu uma série de mudanças no arcabouço legal, elevando o Brasil a padrões internacionais de exigências regulatórias. Ter uma indústria de seguro globalizada atraiu um grande número de empresas e incentivou as estrangeiras que aqui estavam a investir, como a Liberty adquirindo a Indiana Seguros e a Mapfre a Vida Seguradora.

O futuro também promete novos anúncios. Acionistas da SulAmérica, família Larragoiti e ING, um dos maiores grupos financeiros do mundo, têm declarado interesse em comprar empresas aqui. O presidente da MetLife, Roberto Loureiro, uma das maiores em vida nos Estados Unidos, também fala a todo instante sobre parcerias estratégicas. Sem falar nas mais de 80 resseguradoras e corretoras de resseguros estimadas pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) até o final deste ano.

Os estrangeiros trazem uma grande diversidade de produtos e coberturas, até então indisponíveis no País. Também inovam ao atrair para o setor profissionais de outros segmentos, com estratégia de negociações criativas e diferentes. O resultado disso criará um mercado moderno e capaz de ofertar a proteção necessária para empresas e indivíduos em momentos de crise, trazendo a sustentabilidade financeira para um projeto de infra-estrutura do porte do Rio Madeira - com US$ 2 bilhões em garantias, a maior do mundo -- até um seguro de vida de R$ 2 por mês.

A dedicação do poder executivo em relação às mudanças estruturais do setor, como a abertura do resseguro e a manutenção dos indicadores macroeconômicos foi vital para a criação de uma nova indústria de seguros, que prevê ultrapassar a barreira dos R$ 100 bilhões em faturamento em 2008. O foco da Susep é desenvolver o microsseguro e o seguro popular. "Espero ter as normas prontas para o microsseguros até o final do ano", diz Armando Vergílio, titular da Susep.

Este assunto é mundial. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) criou um fundo exclusivo para financiar projetos de expansão do microsseguro no mundo, que conta com generosas contribuições da Fundação Bill & Linda Gates. As propostas serão aceitas até o dia 16 de maio. O pedido de apoio ao projeto deve ser enviado ao site www.ilo.org/socialfinance. O Fundo de Inovação em Microsseguros da OIT .

Em todos os países a atividade guarda estreita relação com o crescimento econômico, a distribuição de renda e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). "O ambiente ideal será sempre o desenvolvimento com aumento e distribuição de renda para que mais pessoas tenham acesso ao mercado de seguros, aumentando assim, a base de consumidores", diz João Elisio Ferraz de Campos, presidente da Fenaseg. "Afinal, só faz seguro quem tem bens para proteger", diz Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros.

"Atingir as classes de menor renda ficou mais fácil porque foi criada a condição de contato com os clientes por meio de cartões de crédito, dos financiamentos, da conta de celular", diz Fábio Luchetti, vice-presidente operacional da Porto Seguro.

Na outra ponta, as consultas de seguros para garantir projetos de infra-estrutura não param de chegar nas seguradoras. "É investimento que não acaba mais", diz entusiasmado Pedro Purm, da presidente da Zurich. E não é só pelo número de pessoas que podem comprar seguros ou empreendimentos a serem construídos. É uma questão cultural. "A sociedade está mais consciente de seus direitos e deveres e isso faz com que o País cresça e o seguro acompanhará essa onda", acrescenta.

Luiz Carlos Trabuco, presidente do grupo Bradesco Seguros e Previdência, o mercado precisa se aprofundar sobre as mudanças climáticas e as novas epidemias. "São casos isolados ou devemos encontrar meios de prever novas ocorrências? Por outro lado, a ciência avança rápido e devemos estar atualizados às descobertas. Questões como essas merecem especial atenção das empresas que atuam no setor de seguros."(Gazeta Mercantil/Relatório - Pág. 1)(Denise Bueno)


« Voltar