Este website utiliza cookies
Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência, otimizar as funcionalidades do site e obter estatísticas de visita. Saiba mais.
Fonte: Gazeta Mercantil - São Paulo,SP,Brazil
Aos 35 anos, o engenheiro Ricardo Villela Marino tem sido preparado cuidadosamente pelos acionistas do Itaú Unibanco para assumir, em um futuro próximo, o cobiçado posto de comando do maior banco brasileiro. Apesar de ser bisneto de Alfredo Egydio de Souza Aranha, fundador do Itaú, Marino tem na experiência como vice-presidente para América Latina e Caribe da instituição a mais forte credencial para o futuro posto. Filho de Milú Villela, uma das mais importantes acionistas do Itaú Unibanco, Marino atualmente ocupa a presidência da Federação Latino-americana de Bancos (Felaban) e a diretoria para América Latina da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Aos que aguardam movimentos mais agressivos de consolidação do Itaú Unibanco, o executivo avisa que a instituição só deve partir para novas aquisições, principalmente na América Latina, apenas a partir de 2011. Antes disso, os olhos do banco estarão voltados para a conclusão do complexo processo de fusão iniciado no fim do ano passado. "Tão logo terminemos essa lição, vamos analisar novas oportunidades", ressalta. Confira a seguir os principais trechos da entrevista:
Gazeta Mercantil - O Itaú Unibanco negocia, atualmente, alguma nova aquisição na América Latina?
Se estivesse, eu não poderia falar, mas o mercado que nos interessa é o Brasil. O Brasil é nossa prioridade. Nossa prioridade é fazer uma boa integração (com o Unibanco). Estamos investindo toda nossa energia, todo nosso tempo, em uma boa integração de sistemas, pessoas e culturas. E isso demora uns dois anos. Enquanto isso, não vamos nos distrair. Enquanto não tivermos uma empresa muito sólida no país de origem, não vamos procurar outros mercados.
Gazeta Mercantil - Mas existe efetivamente um planejamento de expansão depois que essa integração for concluída?
Temos uma vocação latino-americana e, dentro de 10 anos, queremos ter uma posição global. Mas isso é mais para o longo prazo. Primeiro temos que fazer bem feito nossa lição de casa, que é essa execução. Tão logo terminemos essa lição, provavelmente em 2011, vamos analisar novas oportunidades de empresas, situações e mercados que venham agregar valor aos nossos acionistas, dentro e fora do mercado brasileiro.
Gazeta Mercantil - No Brasil há empresas que estão vendendo ativos. Por exemplo, o ING está interessado em desinvestir a parcela deles na Sul América. O mercado de seguros interessa ao Itaú?A resposta é afirmativa. O Itaú Unibanco tem liderança já em vários segmentos de negócios, mas o setor de seguros é um que tem possibilidade de crescer, de se desenvolver de forma bastante interessante. Portanto, se houver oportunidade de associações ou compras de carteiras e operações, com certeza o banco vai analisar para ver se está alinhado à estratégia do banco e se vai agregar valor para os acionistas e para os clientes. Em seguros temos realmente um "catch up" para fazer.
Gazeta Mercantil - O enfraquecimento dos bancos no exterior favorece a estratégia de expansão internacional do Itaú Unibanco, com o surgimento de possíveis operações de aquisição?
A boa notícia é que o Brasil é parte da solução, e não do problema. Aqui, não houve nenhuma falha bancária, não houve nenhuma corrida para saques bancários; não houve nenhuma injeção de dinheiro público ou de contribuintes para salvar os bancos; os bancos estão funcionando normalmente, de maneira saudável - estão bastante sólidos e capitalizados. Esse é o caso do Itaú Unibanco. Com a fusão, temos um patrimônio, hoje, de R$ 45 bilhões, uma carteira de crédito de quase R$ 300 bilhões; tem um pool de talentos de primeiro time bem posicionado.
Gazeta Mercantil - Mas se surgirem oportunidades...
Eu digo para você que a administração do Itaú Unibanco não quer comprar nada barato. Quer comprar eventualmente, depois de concluída a fusão, ativos bons, de boa qualidade. As vezes, o barato sai caro. Você pode comprar bancos por R$ 1 e ter um passivo gigantesco. Então, se formos analisar, não queremos nada barato; queremos ativos de qualidade, no momento correto.
Gazeta Mercantil - Então o objetivo, a curto prazo, é melhorar o que já tem, e não buscar novas aquisições?
Exatamente, nosso objetivo, a curto prazo, é melhorar a eficiência, ganhar na escala, focar na integração, de modo a fazer uma excelente integração de sistemas, de pessoas e até mesmo de culturas, que é um diferencial competitivo da instituição.
Gazeta Mercantil - O mercado de crédito já dá sinais de melhora?
O mercado de crédito já dá sinais, sim, de melhora, graças à participação do Banco Central, injetando liquidez, e a organismos multilaterais, que deram apoio a bancos médios para melhorar o crédito. Também se deveu a incentivos fiscais e tributários, como a isenção do Imposto sobre Produção Industrial (IPI) sobre os automóveis. Já vemos o crédito para financiamento de veículos melhorando significativamente. Então, esse pode ser visto, sim, como um sinal de que o pior já pode ter ficado para trás e que os bancos vão fazer a sua parte e estender crédito para os clientes de bom risco, tanto de pessoa jurídica quanto de pessoa física, de modo a incentivar novos investimentos e consumo.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Ricardo Rego Monteiro)
Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência, otimizar as funcionalidades do site e obter estatísticas de visita. Saiba mais.