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Fonte: Portal Nacional de Seguros - Santos,SP,Brazil
Em entrevista à Negócios PE, Mucio Novaes falou sobre sua atuação à frente da seguradora pernambucana
Na última edição da coluna Gente de Expressão, da revista Negócios PE - uma das principais publicações do Nordeste, na área de negócios - o presidente da Excelsior Seguros, Mucio Novaes, falou a Drayton Nejaim sobre diversos assuntos ligados ao setor e, em especial, sobre a trajetória da empresa que preside. Abaixo, a entrevista na íntegra.
Administrando riscos
O economista Múcio Novaes de Albuquerque Cavalcanti tem 54 anos e preside a Excelsior Seguros, uma das mais tradicionais empresas do ramo no país, com 65 anos de atuação.
A companhia ganhou sotaque pernambucano em abril de 1996, quando foi adquirida pelo empresário Luciano Bivar.Múcio conhece profundamente a empresa, pois participou de sua trajetória desde o momento em que Bivar, que já atuava como fornecedor de serviços especializados na área de seguros, decidiu verticalizar sua atuação no setor comprando a seguradora.
A opção pela compra da Excelsior foi uma medida arrojada, desaconselhada por Múcio, que sugeriu a Bivar que montasse uma empresa do estágio zero. O empreendedor acreditava que a Excelsior poderia ser uma boa compra porque a credibilidade, a longevidade e a tradição da companhia eram ativos importantes para crescer exponencialmente no mercado de seguros. Novaes achava que o custo para devolver a competitividade à empresa talvez não compensasse.
A Excelsior atuava sob regime de direção fiscal pela Susep (órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro vinculado ao Ministério da Fazenda) e seu acionista controlador, o playboy carioca Ronaldo Xavier de Lima, havia acabado de morrer.
A compra da companhia custou US$ 5 milhões e previa a manutenção da intervenção pela Susep enquanto fosse viabilizada a recuperação da empresa em termos de gestão, tecnologia e capital de giro, variáveis que consumiram mais US$ 5 milhões, além da quantia paga na aquisição.Inicialmente Luciano assumiu a presidência e montou uma equipe experiente.
Múcio chegou para trabalhar três meses e está lá faz 13 anos. Nesse período foi diretor executivo, vice-presidente e, há um ano e meio, substituiu o empreendedor quando Bivar assumiu o conselho de administração.
A companhia terminou 2008 com uma receita de R$ 92 milhões, um lucro de R$ 6,1 milhões, 78% maior que no ano anterior, e reservas financeiras líquidas para o pagamento dos prêmios (valor pago pelo seguro realizado) de R$ 54,6 milhões, um crescimento de 45% em relação a 2007.
A maior seguradora com sede no Nordeste é também uma das 50 maiores empresas de Pernambuco segundo a revista Valor Econômico e ocupa a 29ª colocação entre as seguradoras do Brasil.Esses resultados qualificam Múcio Novaes como uma liderança empresarial que deve ser ouvida como executivo e representante do segmento, já que também ocupa a presidência do Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Resseguros, de Previdência Complementar Aberta e de Capitalização do Norte/Nordeste. Foi isso que fizemos.
NEGÓCIOS PE
Como foi resgatar uma empresa em sérias dificuldades?
MÚCIO NOVAES Um exercício de aprendizado nosso e de perseverança de Luciano Bivar. Ele acreditava que aquele era o momento de preencher uma parte do vácuo existente no Nordeste pelo desmoronamento de grupos financeiros que tinham tido presença importante na região, como os bancos Econômico, Banorte e Mercantil. Ele confiou na sua expertise técnica no segmento e na oportunidade de assumir uma companhia com atuação nacional.NPE
Que ações foram priorizadas?
MN O objetivo era aumentar substancialmente a participação na Região Nordeste. Como prova dessa diretriz, em julho de 1997, a matriz da empresa foi transferida do Rio para o Recife. A ideia era focar a operação em seguros especializados como o habitacional, riscos na engenharia (demandado pelas construtoras) e de garantia (que garante ao cliente o cumprimento das obrigações assumidas em contrato). A essa altura faturávamos apenas R$ 7 milhões por ano.NPE
Deu certo?
MN Em parte. De 1997 a 2001 cumprimos uma extensa agenda de crescimento comercial no Nordeste e também conseguimos ampliar nossa base operacional no Sul/Sudeste, porém cometemos um erro infeliz, desviamos o foco e resolvemos investir pesado em produtos de massa como os seguros de vida e residencial, nos quais não tínhamos expertise. Como resultado, nosso faturamento em 2001 chegou a R$ 100 milhões, porém a rentabilidade era pífia.NPE
O que foi feito?
MN Em 2002 deixamos de oferecer seguros de vida e transferimos a carteira de seguros de automóveis para a seguradora Porto Seguro. Infelizmente naquele ano a companhia apresentou prejuízo, mas havíamos recomeçado um trabalho para corrigir a rota.NPE
Por onde?
MN Recuperando o foco. Redefinimos a carteira de produtos priorizando a vocação da companhia, os seguros habitacionais, em que éramos vice-líderes no país. Também reduzimos o tamanho da empresa na época de 120 para 40 colaboradores diretos e acabamos com um contrassenso no modelo administrativo que atuava com dois núcleos de gestão com visões e ações independentes, um no Rio de Janeiro e outro no Recife. Concentramos a tomada de decisões aqui. Mesmo assim, em 2003, continuamos no prejuízo.NPE
Deu resultado?
MN Se deu. Com as medidas recuperamos a unidade organizacional e adotamos o compartilhamento das decisões como cultura. Voltamos a focar os seguros especializados, como o de responsabilidade civil do profissional médico, em que hoje acumulamos uma carteira de 13 mil clientes. Terminamos 2004 com lucro e um faturamento saudável de R$ 36 milhões e a partir daí crescemos até os números que temos hoje.NPE
Como está dividido o faturamento da empresa atualmente?
MN Da nossa receita total, R$ 48 milhões são seguros habitacionais, alavancados pelas classes C e D, que estão tendo acesso a condições de financiamento e moradia. Sua rentabilidade é pequena por operação, porém temos um ótimo volume. Já os mais rentáveis são o DPVAT (seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não), com o qual faturamos R$ 17 milhões, e os seguros patrimoniais empresariais e de responsabilidade civil médica, que geraram R$ 5,3 milhões em faturamento cada. O restante do nosso faturamento está diluído.NPE
Que produtos têm boa rentabilidade na sua carteira?
MN O DPVAT (seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não), com o qual faturamos R$ 17 milhões, e os seguros patrimoniais empresariais e de responsabilidade civil médica, que geraram R$ 5,3 milhões em faturamento cada.NPE
Que mercados de seguros se apresentam como emergentes?
MN Os seguros agrícolas crescerão muito. O Brasil como potência agrícola dará suporte a esse crescimento, já que está faltando alimento no mundo. Seguros das safras de milho, soja... O governo quebrou o monopólio e abriu o mercado brasileiro de resseguros, antes dominado pela estatal Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), possibilitando assim parcerias com as resseguradoras internacionais e ganho de expertise pelas companhias nacionais. O presidente Lula é um enorme incentivador da expansão dos mercados de seguros, previdência e capitalização.NPE
Outros seguros crescerão...
MN Sim, o ambiental, por exemplo. Eles têm a ver com a sustentabilidade do mundo. Em janeiro fizemos dois contratos com riscos de R$ 90 milhões para empresas fornecedoras de energia, graças à quebra do monopólio.NPE
Deu para sentir os efeitos da crise?
MN Não. As seguradoras brasileiras não podem usar suas reservas financeiras em aplicações de risco. Hoje 75% deste valor, que é de cerca de R$ 197 bilhões, estão concentrados em títulos públicos federais. Assim, acho que o ano deverá ser bom. (Entrevista concedida a Drayton Nejaim)
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