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Fonte: Revista Apõlice
Ministério da Agricultura deve dobrar o valor da subvenção ao seguro rural para a safra 2008/2009. O programa conta com seis seguradoras autorizadas a comercializar apólices de seguro com subvenção federal: Aliança do Brasil, Allianz, Mapfre, Seguradora Brasileira Rural, ACE e Minas Brasil
O seguro rural no Brasil ainda está muito aquém da sua capacidade. Apesar da notícia divulgada no início do mês de março com as estimativas de recorde de produção agrícola, que neste ano deve atingir 139,6 milhões de toneladas, ficando 5,1% acima da safra obtida em 2007, de 132,9 milhões de toneladas e 2,3% maior do que a estimativa feita em janeiro, o mercado segurador ainda aguarda ansioso o início do próximo ciclo 2008/2009.
A expectativa é que o Governo disponibilize aos produtores rurais cerca de R$ 200 milhões. Em 2007, foram colocados à disposição R$ 100 milhões, entretanto foram utilizados apenas R$ 60 milhões. Esta defasagem se dá por conta das regras impostas pelo Governo para que os produtores consigam a subvenção ao prêmio. Na modalidade agrícola, ele varia de 40% a 60% da apólice. Foram beneficiados no ano passado cerca de 27,8 mil agricultores, assegurando uma área de 2,2 milhões de hectares. Produtores de soja, maçã e milho são os que mais receberam o benefício.
Segundo Geraldo Mafra, diretor da Seguradora Brasileira Rural, este ano devem ser utilizados entre R$ 140 e 160 milhões, principalmente com lavouras de cana-de-açúcar, milho e floresta. "A utilização dos R$ 200 milhões significaria R$ 410 milhões em prêmios e R$ 68 bilhões em importância segurada, o que equivaleria a 13% da produção agrícola", contabiliza Mafra.
Porém, ele enumera as dificuldades que o sistema encontra: 1)longas distâncias: o Brasil é um país muito extenso. Do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso, passando pelo Leste, é tudo segurável; 2) não adianta vender muito sem ter como atender os sinistros.
Além disso, o corretor Jorge Eduardo de Souza, da Única Corretora de Seguros, conta que os pequenos limites de aceitação praticados pelas seguradoras que atuam no mercado de seguro para as safras contribuem para a exclusão das grandes fazendas, aquelas que praticam agricultura industrial, ficando o seguro muito restrito às pequenas lavouras, principalmente de frutas. "Com isso, fica difícil atingir a massificação tão necessária para a evolução desses seguros", avalia.
"O sistema de tarifação tem que prever um maior elenco de estímulos, na forma de bônus para os bons perfis de produtores que compõem a nossa agricultura", acredita Souza. Para ele, um produtor que tem longos históricos de boas e crescentes safras e índices de produtividade, aqueles que aplicam a maioria dos insumos modernos disponíveis para sua agricultura, os que adotam as práticas mais modernas de exploração agrícola (rotação de culturas, cuidados com erosão, desmatamento nas formas e nos limites previstos em lei, preocupações sociais e ambientais etc), aqueles que têm uma frota de equipamentos qualificados e apta para os melhores tratos culturais e os mais oportunos combates de pragas, aqueles que usam práticas de gestão já comprovadas, aqueles que adotam práticas eficazes de capitalização e comercialização etc, são produtores que, além de oferecerem riscos menores, são formadores de opinião nos seus ambientes. A adesão deles certamente vai estimular a de outros produtores da sua região.
Cristina Maria Ribeiro, gerente de agronegócios da Mapfre, lembra que o setor reclama muito do conservadorismo das seguradoras que atuam no setor. "Isso acontece porque o seguro é catastrófico e cíclico. Em 2005/2006, a carteira da seguradora onde atuo teve uma sinistralidade de 200% por conta da seca. Fatos como este fazem com que retornemos ao mercado com bastante cuidado", explica Cristina. Este problema poderá ser minimizado com a criação de um Fundo de Catástrofe pelo Governo Federal. O projeto já está no Congresso Nacional. "Quando estiver pronto, este Fundo dará mais segurança às companhias para que elas criem produtos mais arrojados", prevê.
Outro corretor afirma que a pouca divulgação junto ao produtor rural faz com que ele não acredite "em seguro de maneira geral". "Ele acha que tem que receber 100% do que perdeu efetivamente e isto não acontece, nem é para acontecer, uma vez que seguro é para minimizar as perdas que um segurado venha a sofrer", destaca Eduardo Martins Carvalho, Account Executive da Aon.
Hoje, a distribuição é feita, basicamente, de quatro formas, como explica Luis Carlos Meleiro, diretor da Allianz. Primeiro, por meio de corretores especializados, que atuam próximos às cooperativas de produtores rurais; segundo, as cooperativas que possuem corretoras cativas; terceiro, bancos que financiam o custeio da produção; e quarto, as operações estruturadas com grandes empresas fornecedoras de insumos.
O que fazer
Um esforço conjunto é necessário para ampliar a penetração do seguro rural, com investimento e tempo. Entretanto, no seguro rural reside uma grande possibilidade de crescimento do setor. Cálculos grosseiros mostram que o segmento rural tem potencial para dobrar o atual mercado segurador brasileiro.
"O ideal seria que o risco agrícola estivesse casado com o risco financeiro", imagina Meleiro. O seguro climático resolve 80% do problema do produtor. Porém, não existe seguro para cobrir as variações dos preços das commodities.
"Os seguros agrícolas precisam dos seguros de performance, para garantir a efetividade de entrega das vendas futuras, que são essenciais para capitalização mais eficaz possível dos produtores rurais. Eles darão ao agricultor o equilíbrio e a oportunidade de caixa necessária para a prática segura de sua agricultura", destaca Souza.
Os seguros de performance pressupõem uma garantia para todos os riscos, inclusive morais, implícitos numa venda a futuro. Esse seguro será uma garantia de fato para os compradores e um fomentador das melhores práticas de gestão entre os produtores rurais, pois quanto melhor o histórico moral e a qualidade das garantias patrimoniais oferecidas, mais baixos serão as suas taxas nesses seguros.
Já o seguro agrícola deve ser visto como uma garantia para a seguradora que assumiu o risco de performance daquele determinado produtor, já que ela garante todos os demais riscos que ameaçam a entrega futura, e não como um seguro do produtor. "Não adianta ter a garantia para os fatores climáticos previstas nos seguros agrícolas, e não conseguir realizar a safra com índices eficazes ou as vendas da sua produção nos momentos mais oportunos e com os resultados mais eficazes," reclama Souza.
As seguradoras precisam aprender a enxergar no produtor rural um grande consumidor dos mais variados tipos de seguros (automóveis; aeronaves; máquinas agrícolas; estoques; prédios; transportes; vida de funcionários; saúde para funcionários; etc) e devem estimular, nesses produtores industriais aqui explicados, a ampliação do mix de seguro tomados por eles, pois na medida em que ele, o produtor, contrata outros tipos de seguros, amplia a base de prêmios no mesmo cliente, ao mesmo tempo em que mitiga os riscos da seguradora naquele cliente. "Quando analisado o potencial de seguros (em todos os ramos) implícitos no mercado composto pelas empresas dos agronegócios, percebe-se que reside ali a possibilidade de duplicar o nosso mercado atual de seguros", ressalta Souza, da Única.
Identificação, tratamento, organização e disponibilização de informações tarifárias, sejam elas de fenômenos naturais, principalmente climáticos, ou de regiões predominantes em incidências de pragas, como também dos cadastros dos sinistros ocorridos no meio e mesmo dos cadastros individuais dos produtores (moral e patrimonial), são fatores essenciais para o desenvolvimento desse segmento de mercado de seguros.
Resseguro
As possibilidades de expansão do seguro rural também cruzam o caminho da abertura do resseguro. Muitas carteiras já se utilizam deste recurso. O Brasil é um país que desperta o interesse das resseguradoras internacionais, principalmente americanas e européias, que devem trazer o seu expertise para desenvolver produtos com as características do setor brasileiro. "Enquanto as seguradoras nacionais, com a visão míope e centrada apenas nos seguros agrícolas, enxergam esse segmento como um grande risco, as internacionais, focadas no mix de seguros possíveis de serem contratados nesse meio, enxergam o segmento como uma das grandes e melhores oportunidades do mercado global de seguros", alfineta Souza.
Eduardo Carvalho, da Aon, contemporiza, afirmando que a abertura fará com que os produtos oferecidos sejam ampliados (coberturas, limites, índices de avaliação de exposições etc) e com a ajuda da subvenção do governo haverá um forte crescimento de mercado do seguro rural.
A abertua do mercado de resseguros abre a possibilidade para que as resseguradoras observem melhor o mercado nacional. Hoje, seis empresas são responsáveis pela carteira de resseguro rural: Hannover Re, Mapfre Re, Munich Re, Partner Re, Scor Re e Swiss Re. "A atuação mais forte destas empresas no Brasil servirá para trazer conhecimento para o mercado nacional. Pela sua forte atuação no exterior, estas empresas possuem mais informações e mais histórico", ressalta Cristina, da Mapfre. Segundo ela, estas mudanças não serão sentidas imediatamente.
Técnica
No seguro rural não há espaço para ‘amadores". Para atuar neste setor é necessário ter um conhecimento bastante razoável sobre os riscos envolvidos. "Uma angariação despreparada pode fazer natimorto esse segmento do mercado. Além disso, e pela dispersão geográfica, o custo de angariação do seguro é alto e, para que se desenvolva, é preciso um carregamento comercial que incentive o investimento das corretoras na habilitação mais adequada para a exploração eficaz desse segmento", afirma Souza.
Esta dificuldade foi sentida por Meleiro, quando montou o departamento de seguro rural da Allianz. "O primeiro desafio foi montar uma equipe de vistoriadores habilitados a realizar de duas a três inspeções por safra. Hoje, possuímos uma rede de profissionais treinados para atuar nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País", afirma.
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