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Fonte: Portal Nacional de Seguros - Santos,SP,Brazil
Depois de viajar vários dias para negociar com 16 resseguradores estrangeiros a renovação de contratos automáticos para garantir as operações de seguro da JMalucelli, Alexandre Malucelli, presidente da resseguradora, está convicto de que a crise chegou ao segmento de seguro de crédito e garantia, mas o Brasil deve ser poupado.
"Mesmo diante do baixo astral instalado no exterior, conseguimos renovar nossos contratos até junho de 2010 com mais capacidade, em razão do bom momento que o Brasil vive, do histórico de crescimento de vendas e de rentabilidade do segmento no País", disse ele.
O crescimento econômico do Brasil tem estimulado fortemente o seguro de garantia. A previsão da JMalucelli Re é de que os prêmios deste segmento vão atingir R$ 643 milhões em 2009 e R$ 803 milhões em 2010. A expectativa considera a crise, que será compensada pelos projetos de infraesturtura que não podem esperar outro momento para serem iniciados, como as que fazem parte das exigências da Fifa, que escolheu 16 cidades brasileiras para sediar os jogos da Copa do Mundo em 2014.
Ser 2010 um ano eleitoral também conta pontos para alavancar as vendas de seguro garantia. "Historicamente em anos eleitorais os projetos governamentais avançam para finalizar o mandado", explica Malucelli, durante a palestra no VIII Encontro Anual do Comitê do Setor Elétrico, evento de três dias que se encerra hoje em Belo Horizonte.
Na apresentação aos gestores de riscos das maiores empresas de energia do País, a mesma feita aos resseguradores internacionais durante o road show, Malucelli buscou mostrar o desenvolvimento do seguro garantia. "É um mercado em expansão e rentável", disse, exibindo dados de crescimento dos prêmios e evolução dos sinistros.
O seguro garantia encerrou 2008 com prêmios de R$ 499 milhões, evolução de 43% sobre 2007, que já tinha avançado 77% sobre 2006. No primeiro quadrimestre deste ano, o segmento exibe crescimento de 75%. "Temos aqui o seguro da Usina Santo Antonio, do Rio Madeira, que representa R$ 130 milhões. Mas, mesmo assim, percebemos o crescimento acelerado do setor mesmo num cenário de crise", disse o executivo da Malucelli.
Desde 1994 até 2008, o índice médio de sinistralidade ficou em 18%. "Tivemos três grandes sinistros indenizados, que elevaram o índice para 85% e 107% em 1997 e 1999 e para 46% em 2005. "Isso mostra que, diferente dos outros países, o Brasil é um mercado em crescimento e com resultados técnicos".
A Malucelli detém pouco mais de 40% das vendas totais de seguro garantia no Brasil, abaixo da fatia de 50% no encerramento de 2008. A abertura do resseguro tende a pulverizar os negócios com a entrada de novos competidores. "O que é bom para todos", comentou o executivo. A retenção de risco das seguradoras neste segmento é de apenas 20%, o que evidencia tratar-se de uma carteira fortemente focada no resseguro.
Mesmo com a forte dependência do resseguro, o patrimônio líquido das seguradoras cresceu nos últimos anos, passando de R$ 22 milhões em 2003 para R$ 82 milhões em 2008. Até 2008, antes das novas regras de solvência, as seguradoras podiam reter em cada risco especifico cerca de 3% dos ativos líquidos. Agora, a retenção passou a ser ajustada ao risco ponderado.
Guinada. A crise começa a fazer suas vitimas na indústria de seguros. Dois produtos financeiros, seguro garantia e de crédito começam a enfrentar dificuldades. Depois de vivenciar dois anos de farta capacidade e taxas baixas, a atual fase do seguro garantia é de redução de capacidade e aumento da sinistralidade, que será sentida pelo consumidor pelo aumento do preço, maiores exigências de garantias e informações ainda mais detalhadas dos riscos.
"Está é a realidade que pude constatar nos últimos dias. A crise afetará o segmento no Brasil. Mas também é correto afirmar que este cenário desafiador nos traz muitas oportunidades", disse Alexandre Malucelli, presidente da JMalucelli Re durante sua palestra no VIII Encontro Anual do Comitê do Setor Elétrico, realizada em Belo Horizonte entre os dias 2 e 4 de junho.
Já o seguro de crédito, cujo efeito é mais imediato do que o de garantia, deverá passar por uma forte reformulação. As seguradoras de crédito enfrentam sérios problemas com a inadimplência na crise. Segundo Malucelli, durante suas conversas com resseguradores a sobrevivência do seguro de crédito é muito questionada.
"A imagem que ficou foi de ter a seguradora como um guarda-chuva que quando começou a tempestade a companhia o pegou de volta e fechou". Os governos da França, Espanha e Inglaterra criaram linhas para socorrer as empresas diante deste cenário, evitando assim o corte das linhas de crédito, sem muito sucesso. O resultado é uma ampla discussão sobre como ficará este segmento nos próximos anos.
No garantia, a crise tem um efeito mais retardado, porém será sentido um efeito maior no segundo semestre. Empresas boas enfrentam dificuldade de liquidez, o que deverá se normalizar no próximo ano. "Hoje, o que vemos são empresas pequenas obtendo a cobertura por estarem dentro dos limites dos contratos automáticos. Já para grandes projetos as taxas estão mais elevadas e, mesmo assim, faltam recursos para prover a capacidade", disse ele para uma platéia responsável pelo maior número de projetos de infra-estrutura para serem aprovados no Brasil. [3]
Tentar projetar um futuro por enquanto ainda é uma missão quase impossível. Para Malucelli, o futuro próximo destes dois segmentos de seguro é de consolidação, reduzindo o número de concorrentes. "Já vemos muitos efeitos em diversas áreas com a falta de cobertura para projetos importantes".
Segundo ele, as companhias ficarão ainda mais seletivas para assumir risco e com aversão a riscos, em razão da lucratividade ter de vir do operacional, uma vez que o financeiro será difícil, com taxas de juros declinantes e investidores com aversão a risco neste momento. Os bancos começam a voltar a competir com o seguro garantia ofertando fiança bancaria. "Esses fatores criam um cenário desafiador e cheio de oportunidades", conclui Malucelli.
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