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Mercado continua otimista e aposta em crescimento


Fonte: CQCS - Rio de Janeiro,RJ,Brazil

O mercado crescerá este ano de 5% a 8%. A aposta é do titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Armando Vergilio dos Santos Junior, para quem a crise financeira internacional não causou "grande impacto" no setor de seguros no Brasil. "O setor de seguros está tendo, no Brasil, um desempenho positivo, mesmo com a crise, ao contrário de mercados no exterior", frisa Armando Vergilio.

Ele acrescenta que existe "um espaço orgânico" para a indústria do seguro continuar crescendo em ritmo acelerado no País. O superintendente da Susep lembra que, nos últimos anos, houve um crescimento do setor de três a quatro maior que o incremento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. "Em 2007, tivemos 17% de crescimento e o PIB atingiu 5%. Já em 2008, o setor de seguros obteve 15% e, neste ano, a expectativa é que o mercado cresça até 8%", acentua.

Na opinião de Armando Vergilio, contribuíram para esse cenário positivo as novas regras de solvência do mercado de seguros, que entraram em janeiro de 2008, obrigando as empresas a aportar mais capital, tornando-as mais sólidas.

Ele comenta que as regras para investimento dos ativos que dão cobertura para as reservas técnicas são conservadoras, no Brasil, comparativamente aos demais investimentos. "Esses ativos garantidores são vinculados à Susep e não podem ser movimentados sem autorização prévia", explica.

O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), João Elisio Ferraz de Campos, também está otimista, principalmente após a divulgação de pesquisa realizada pela entidade segundo a qual o faturamento acumulado por todo o mercado até abril somou R$ 28,3 bilhões, o que representou expansão da ordem de 6% sobre o mesmo período de 2008.

A expectativa é a de que o mercado de seguros mantenha em 2009 a tendência de crescimento acima do PIB. "Ainda acredito que a economia terá um crescimento positivo em 2009 e que o nosso setor crescerá ainda mais", afirmou ao serviço "Repórter Seguro", criado pela CNSeg.

Entre os consultores do mercado prevalece também um tom otimista. O consultor da Escola Nacional de Seguros - Funenseg, Lauro Faria, por exemplo, cita o seguro de vida como uma das carteiras que apresentarão resultados mais positivos este ano, mesmo na atual conjuntura de crise.

Segundo ele, dados da Susep indicam que, nos quatro primeiros meses do ano, o faturamento do ramo vida cresceu 15,8% contra igual período de 2008, o que significa "uns 7% em termos reais".

Lauro Faria observa que essa variação cresce de importância se comparada à evolução do PIB, que no primeiro trimestre decresceu 0,8%.

Ao participar, nesta quinta-feira, do seminário "O resseguro no desenvolvimento do Seguro de Vida no Brasil", organizado pela Funenseg junto com o IRB Brasil Re e a Partner Re, ele destacou a importância da abertura do resseguro para o incremento do ramo vida. "No mundo inteiro os seguros de vida demandam menos resseguros que os seguros elementares. Mas, aqui no Brasil, tal demanda tem sido mínimia. Assim, com a abertura do resseguro espera-se que haja mais interesse das seguradoras por ofertar produtos de vida mais complexos e que, portanto, demandam o resseguro", comentou.

Ele mencionou como possíveis destaques no setor os planos de previdência aberta cujos recursos podem ser aplicados em mercados de renda variável e derivativos bem como os serviços auxiliares de desenvolvimento de produtos, apreçamento, subscrição e gerenciamento de riscos e reservas "que são oferecidos pelos grandes resseguradores".

Já o consultor Julio Cezar Pauzeiro diz que o setor de seguros enfrentará ainda algumas "marolas" provocadas pela nova realidade imposta pela crise internacional. Na visão dele, entre os problemas que surgirão pela frente estão a redução das margens financeiras, por conta da redução da taxa básica de juros; a queda do valor médio dos prêmios de seguros, em decorrência do aumento da concorrência; e também a diminuição do faturamento global do setor, em função da redução da produtividade da indústria. "Apesar do mercado de seguros brasileiro ter passado relativamente bem pelo epicentro da crise, ainda teremos alguns problemas para administrar. Existe um grande trabalho a ser feito em melhoria de processos e busca por novas tecnologias, entre outros assuntos, podemos afirmar que trabalho é o que não falta", assinala o consultor.

Para Julio Cezar Pauzeiro, o mercado de seguros brasileiro foi criticado no passado por causa de suas regras muito rígidas. Ele destaca, porém, que "está mais do que provado que as seguradoras brasileiras e suas reservas são sólidas e reguladas por um conjunto de normativos".

Essa realidade, na avaliação do consultor, permite ao Brasil até oferecer seu expertise e exportar tecnologias de controle e solvência. "O nosso mercado ficou longe e assim deve permanecer dos derivativos e alavancas financeiras de todo o tipo. Preservar o patrimônio e as riquezas alheias, neste caso, não é apenas uma expressão, é uma necessidade premente e inerente ao próprio negócio", acentua.


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