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De carona nas quatro rodas


Fonte: ISTOÉ Dinheiro - São Paulo,SP,Brazil

A família Muffato é conhecida de quem acompanha o automobilismo nacional. Pedro está há quatro décadas nas principais categorias brasileiras. Aos 66 anos, pilota o caminhão número 20 da Fórmula Truck. Mas esse não é o negócio principal dele. Pedro é um dos acionistas da Super Muffato, a 10a maior varejista do Brasil, com sede no Paraná. Foi lá que a Assurant Solutions, a divisão de seguros massificados da Assurant Seguradora, assinou seu último contrato para oferecer inúmeros seguros financeiros, entre eles a garantia estendida, que aumenta a cobertura de um bem por um período superior ao da fábrica - um ano vira dois e assim por diante. Agora, a Assurant vai dividir com os Muffato outra paixão. Ela está entrando no mercado automobilístico. Mas não como hobby. A seguradora está de olho na garantia estendida para carros e caminhões. É a carona necessária para a Assurant crescer no País.

A seguradora americana, com US$ 23 bilhões (R$ 46 bilhões) em ativos e receita de US$ 8 bilhões (R$ 16 bilhões) em 2008, estacionou sua estrutura por aqui há sete anos. E não entrou de olho em dividir com as grandes o mercado nacional. A Assurant quer aproveitar as pistas paralelas, pouco utilizadas por quem trafega em alta velocidade nas grandes avenidas. Um exemplo é o mercado varejista, em que as seguradoras correm para vender proteção financeira para um grande número de pessoas por um pequeno valor. Enquanto todas querem estar no Pão de Açúcar, Wal- Mart, Carrefour e Casas Bahia, a Assurant foi conversar com os regionais. Além da Super Muffato, tem na carteira a gaúcha Quero Quero, a mineira Ricardo Eletro e a recifense Eletroshopping. Todas com potencial de expansão e crescimento nos próximos anos. "Viemos para ser uma marca inovadora", diz Ricardo Fiúza, presidente da Assurant. "Não quero brigar com as grandes seguradoras, quero estar em segmentos de mercado com a melhor solução", completa.
US$ 23 bilhões é o total de ativos da Assurant nos EUA. No Brasil, o faturamento foi de R$ 178 milhões em 2008

O seguro garantia estendida para automóveis é a primeira novidade para o mercado brasileiro que a Assurant está tirando da garagem. Seu funcionamento é idêntico ao dos eletroeletrônicos, o primeiro produto a aumentar a garantia de fábrica. Com um pagamento que varia de 3% a 5% do valor total do carro, a Assurant cobre alguns imprevistos, como a quebra do câmbio depois do vencimento da garantia da montadora, que pode ser de dois anos. São até três anos de proteção, tempo que está de acordo com o prazo médio de quatro anos que o brasileiro troca de veículo. Considerando a parcela média de R$ 780 pagos pelo financiamento no mercado brasileiro, o seguro de garantia estendida custa em torno de R$ 50 mensais. Até o início de julho, eram 102 concessionárias com contrato assinado com a seguradora e 70 em operação. Nesses primeiros meses, de 100 carros vendidos, 12 saem com a proteção maior que a de fábrica. Até o final do ano, a Assurant quer aumentar essa média para 20%. "O próximo passo é atender a toda a necessidade de manutenção, desde os imprevistos até os previstos, como a prevenção à quebra", diz Luciano Groch, diretor responsável por esse segmento.

Fiúza não pensa em outro assunto que não seja a rentabilidade do negócio. Ele assumiu o comando da Assurant em maio do ano passado fazendo barulho. Com 18 anos de experiência no Citigroup, Fiúza sentiu que precisava mexer no motor do seu time. Trocou 80% das lideranças da seguradora. O objetivo é acumular energia para, aos poucos, aumentar o faturamento, que foi de R$ 178 milhões em 2008. Começar pelo setor automobilístico é embarcar em um mercado que praticamente não sofreu com a crise financeira. Os incentivos fiscais concedidos pelo governo fizeram o número de licenciamentos aumentar no primeiro semestre deste ano. Foi licenciado 1,37 milhão de veículos contra 1,34 milhão no mesmo período de 2008. É tudo que a Assurant precisa para virar a Brawn, a equipe de F-1 que desbancou as tradicionais Ferrari e McLaren.


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