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Bradesco prevê que inadimplência ainda vai aumentar


Fonte: Abril

São Paulo - Os indicadores de inadimplência já começam a sinalizar estabilidade, mas ainda devem apresentar pequena alta no terceiro trimestre deste ano em relação ao final de junho. A projeção é do presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Após atingir o patamar de 4,6% no segundo trimestre, o índice de atrasos nos pagamentos acima de 90 dias deve atingir o pico de 4,9% até setembro e começar a cair nos últimos três meses do ano, de acordo com o executivo. "Estamos confiantes que o pior já passou", ressaltou Trabuco, em teleconferência com a imprensa para comentar os resultados do segundo trimestre.

Questionado sobre a redução nas projeções de crescimento para o crédito neste ano, Trabuco argumentou que o fraco desempenho e retração da demanda no primeiro semestre deste ano motivaram a revisão. O Bradesco reduziu a projeção de crescimento da carteira de crédito em 2009 para 8% a 12%. A estimativa anterior era de uma expansão entre 13% e 17%.

O vice-presidente executivo da instituição, Domingos Abreu, afirmou que as linhas voltadas a pessoas físicas devem puxar a alta do crédito no segundo semestre. Já o crédito às grandes empresas deve apresentar um crescimento menor, por conta da recuperação do mercado de capitais, que leva as companhias de maior porte a buscar recursos via captações, afirmou.

O crédito consignado, cuja projeção de crescimento neste ano foi elevada de 18% a 27% para 20% a 30%, deve ser um dos destaques do Bradesco no segundo semestre, segundo Abreu. Ele atribui o melhor desempenho esperado para o consignado à flexibilização dos limites de endividamento dos aposentados e pensionistas do INSS, de 20% para 30% da renda.

Os executivos preferiram não revelar se o Bradesco participará do leilão da folha de pagamentos do INSS, previsto para acontecer na próxima quarta-feira. "Estamos examinando o edital", limitou-se a dizer Trabuco. Ele afirmou, contudo, que o crescimento esperado para o desempenho do crédito consignado independe do resultado do leilão.

Liderança

O Bradesco quer fazer da presença nacional e da escala suas principais armas para enfrentar a concorrência no setor financeiro, que ficou ainda mais acirrada após a fusão entre Itaú e Unibanco e o movimento de aquisições do Banco do Brasil. "A liderança não é uma obsessão", assegurou o presidente-executivo do Bradesco, ao ser questionado se tem planos de voltar a ser o maior banco privado do País em ativos, posição perdida no final do ano passado com a união dos dois principais concorrentes nacionais.

Trabuco destacou a presença do Bradesco em 93% dos municípios brasileiros e os investimentos de R$ 3,016 bilhões realizados apenas no primeiro semestre, dos quais R$ 1,6 bilhão foram destinados à infraestrutura e tecnologia e os demais R$ 1,4 bilhão na aquisição do Banco Ibi. "Estamos preparados para absorver o que deverão ser os melhores anos da economia brasileira."

O executivo afirmou, contudo, que o Bradesco continuará trabalhando para elevar a fatia de mercado. Questionado se o banco analisa alguma aquisição no mercado, Trabuco afirmou que nenhum negócio deverá ser anunciado no curto prazo. "Não há nada no radar", disse, durante a teleconferência.

Segundo o presidente do Bradesco, o novo cenário esperado para a economia, com juros e margens menores, deverá exigir escala dos bancos de varejo para poder oferecer serviços a um custo relativo menor. Dentro dessa estratégia, ele afirmou que, com a aquisição do Ibi, o Bradesco ganhou uma rede de atendimento que permitirá o aumento da presença da instituição.

Outra aposta do banco é o setor de seguros, que no segundo trimestre respondeu por 36% do lucro total, excluindo os ganhos com a venda de participação na VisaNet. "A penetração dos seguros em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional ainda é muito baixa", disse o vice-presidente executivo da Bradesco Seguros e Previdência, Samuel Monteiro. No Brasil, esse porcentual deverá fechar este ano em 4%, a metade de países como a Espanha e abaixo de todos os integrantes do chamado BRIC, grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia e China.

Com um índice de Basileia em 17%, patamar considerado confortável, o Bradesco não deverá seguir o exemplo do concorrente espanhol Santander, que prepara uma oferta de ações no mercado brasileiro. "Não vemos a necessidade de capital novo", disse o vice-presidente executivo do Bradesco, Domingos Abreu. Para ele, o próprio crescimento dos resultados será suficiente para financiar a expansão esperada para o crédito nos próximos anos.

O Bradesco registrou lucro líquido de R$ 2,297 bilhões no segundo trimestre de 2009, uma alta de 14,7% sobre os R$ 2,002 bilhões de igual período de 2008. A margem financeira foi de R$ 7,56 bilhões, com crescimento de 26,9%, e as despesas com provisão para devedores duvidosos aumentaram 152,3%, para R$ 4,421 bilhões. A receita de prestação de serviços cresceu 9,6%, para R$ 2,911 bilhões, e as despesas administrativas e de pessoal também aumentaram 9,6%, para R$ 4,141 bilhões. Os ativos totais em junho de 2009 registraram saldo de R$ 482,478 bilhões, crescimento de 19,7% em relação ao mesmo período de 2008. O retorno anualizado sobre os ativos totais médios foi de 1,7%, enquanto no mesmo período do ano anterior chegou a 2,1%. A carteira de crédito total em junho de 2009 atingiu R$ 212,768 bilhões, evolução de 18,1%. Já as operações com pessoas físicas totalizaram R$ 74,288 bilhões (crescimento de 13,2%), enquanto as operações com pessoas jurídicas atingiram o montante de R$ 138,480 bilhões (crescimento de 20,9%).


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