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Fonte: Zero Hora - Porto Alegre,RS,Brazil
Entrevista do DC deste domingo com mais informações:
As cooperativas do Sistema Unimed de Santa Catarina, que contam com mais de 5,3 mil médicos associados e atendem 970 mil usuários, enfrentam aumento de custos em função da pandemia da gripe AH1N1, a exemplo dos demais serviços de saúde. Mesmo com essa despesa inesperada, elas mantêm os investimentos em hospitais e postos de atendimento, aproveitando as oportunidades de mercado.
O presidente da Federação das Unimeds de Santa Catarina, o médico endocrinologista Dalmo Claro de Oliveira, de Joinville, diz que ainda não é possível contabilizar todos os custos extras em função da nova gripe, mas a estimativa é de que nesses meses de inverno, os gastos tenham aumentado até 10% frente ao mesmo período de 2008. Por isso, a intenção é solicitar um reajuste maior à Agência Nacional de Saúde, ano que vem, para cobrir essas despesas mais elevadas. O médico, que acumula também a presidência da Seguros Unimed do Brasil, e por isso divide a agenda entre Joinville e São Paulo, afirma, na entrevista a seguir, que é contra a criação de novo imposto para a saúde, a CSS, diz que as Unimeds do Estado continuam investindo em hospitais e que a meta é chegar a 1 milhão de usuários até dezembro.
A Federação das Unimeds de SC já tem uma avaliação sobre o impacto da gripe A nos seus custos?
Dalmo Claro de Oliveira _ Nós não temos dados definitivos ainda porque a apuração dessas informações é lenta. O custo de uma internação de julho, por exemplo, é processado e chega mais tarde para a Unimed, que vai fazer a análise, que entrará no cálculo atuarial do início do ano que vem. Nossas avaliações, até o momento, são de que os custos serão de 5% a 10% superiores nesses meses de inverno frente ao mesmo período do ano passado. Sabemos que nos últimos três a quatro meses, os pronto-atendimentos da Unimed do Estado tiveram um acréscimo de procura de 50% a 100%. O de Joinville, que atendia uma média de 600 pessoas por dia, chegou a atender 1,2 mil pessoas por dia em julho. Em alguns horários, foram contratados médicos extras para suprir a demanda e tivemos muito mais exames e medicações. Uma pessoa com gripe que fica na UTI por uma semana chega a ter um custo de R$ 50 mil.
O sistema Unimed vai pedir aumento extra nas mensalidades em função da gripe?
Dalmo_ Esta é a primeira pandemia que temos, mas é difícil negociar com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O Rio de Janeiro pediu aumento maior quando enfrentou muitos casos de dengue, há três anos, e não recebeu autorização. Como os custos subiram para todos com a gripe, talvez haja uma negociação. Hoje, 70% a 80% da saúde complementar do país está no Sul e Sudeste, que foram atingidos pela gripe. São 15 milhões de usuários no país. A agência poderia autorizar um aumento temporário, como o setor de energia teve para cobrir os custos do apagão de 2001. Afinal, sem reajustes adequados, as operadoras de saúde podem ficar inviáveis.
A Unimed poderá adquirir vacina contra a gripe A?
Dalmo _ Normalmente, não fazemos isso. Mas, possivelmente, a gente vai avaliar a compra para clientes que são grupo de risco, médicos, profissionais de enfermagem e para localidades com maior incidência. Não compramos Tamiflu porque não tinha disponível.
O governo pretende lançar a Contribuição Social para a Saúde (CSS). Qual é a sua opinião?
Dalmo _ Apesar da ótima intenção do doutor Adib Jatene com a CPMF, quando ela foi criada o governo destinou apenas parte do dinheiro para a saúde e reduziu verbas do Tesouro ao setor, que continuou mal. Acho que o serviço público de saúde tem dois problemas: falta de dinheiro e de gestão. Além disso, há a judicialização da saúde. Muitos entram com processo para pedir medicamentos caros e depois não retiram os produtos, o que acarreta perdas gigantescas. A CSS não vai resolver o problema da saúde. Além disso, é um paradoxo você reduzir o IPI de automóveis e criar um imposto para socorrer a saúde. O imposto sobre movimentação financeira onera a todos, inclusive os nossos serviços de saúde.
Como estão os honorários médicos na Unimed?
Dalmo _ Há um achatamento nos honorários. Hoje, um médico ganha, em média, R$ 40 por consulta. Mas a despesa de um consultório está em R$ 3 mil, o que são cerca de 80 consultas. Em função dos altos custos, muitos estão deixando consultório privado e se dedicando apenas a empregos públicos. Em Florianópolis, há cerca de 3,5 mil médicos, e apenas cerca de cem têm clientela para atender mais pacientes particulares.
Quanto a Unimed SC projeta crescer este ano?
Dalmo _ Nos últimos 10 anos, crescemos todos os anos em número de usuários. Temos 950 mil do Estado e mais 20 mil que são clientes da Unimed Central, o que soma 970 mil. Nossa meta é chegar a 1 milhão até o final do ano, o que representará um crescimento de 3%.
Como estão os investimentos das Unimeds do Estado em novos hospitais e clínicas?
Dalmo _ Eles continuam. A Unimed Joinville inaugurou seu hospital em 2001, um empreendimento que já recebeu quase R$ 50 milhões e realiza todos os procedimentos de alta complexidade. A Unimed Chapecó tem hospital próprio, onde já foram investidos quase R$ 20 milhões, e a de Criciúma construiu hospital-dia e agora está investindo em pronto-atendimento 24 horas. A Unimed Blumenau tem um hospital-dia, acabou de inaugurar outro hospital em Timbó e fará um hospital geral em Blumenau. A Unimed Litoral está construindo um hospital grande em Balneário Camboriú e tem um pronto-atendimento. Florianópolis tem dois NAS (Núcleos de Atendimento de Saúde) e avalia a construção de um hospital.
De onde vêm os recursos?
Dalmo _ São recursos próprios, de parte dos honorários dos médicos, ou financiamentos. Em Joinville, durante 10 anos, fizemos a retenção de percentual dos honorários médicos e também financiamos parte com o BNDES. Valeu a pena. O Centro Hospitalar Unimed tem 140 leitos, e cerca da metade da clientela é de fora de Joinville. A manutenção do hospital é cara quando se quer qualidade, mas garantimos atendimento a nossos clientes porque há falta de vagas nos hospitais públicos.
Quais são os planos mais procurados?
Dalmo _ A maioria dos nossos usuários tem plano empresarial, 85% do total. Os demais têm planos familiares ou individuais. Desses, cerca de 60% é com participação nos quais o cliente paga 50% do custo de consultas e exames. Os planos mais baratos nessa modalidade, dependendo da faixa etária, variam de menos de R$ 100 por mês até perto de R$ 500. E os mais caros, vão de R$ 300 a mais de R$ 1 mil.
Como atua a Seguros Unimed?
Dalmo _ Atuamos em dois ramos, o de seguro-saúde, que trabalha com uma rede de referência, e no ramo de vida e previdência, com seguro de vida, seguro prestamista e previdência privada para Unimeds e médicos. Nos dois ramos temos 5 milhões de clientes no país. Dos 107 mil médicos associados a Unimeds no Brasil, 80 mil têm seguro de vida por invalidez temporária. Em 2009, a Seguros Unimed deve faturar R$ 640 milhões.
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NOTAS SOBRE O TEMA
Estrutura própria
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A Unimed de Criciúma e região é uma das que sentiram a necessidade de investir em infraestrutura própria para atender os usuários. Nos últimos anos, investiu R$ 20 milhões em hospital-dia que já tem, em operação, 47 dos 93 leitos previstos. E até março do ano que vem, o complexo hospitalar vai receber um pronto-atendimento 24 horas, informa o presidente da Unimed, Walter Ney Junqueira.
Nos últimos três meses, o número de consultas pela Unimed cresceu 48% frente ao mesmo período do ano passado, em função da gripe A.
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Referência no Oeste
A Unimed Chapecó também investiu cerca de R$ 20 milhões nos últimos anos em hospital próprio e equipamentos. A meta da cooperativa médica do Oeste é tornar-se referência em serviços de ponta em saúde, informou o presidente da Unimed, Luiz Roberto Dalla Costa.
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Hospitais no Vale
A Unimed Blumenau, no Vale do Itajaí, é uma das que reforçam estrutura hospitalar própria. Tem hospital-dia em Blumenau, acaba de investir R$ 11 milhões em hospital geral em Timbó, com 34 leitos, e vai inaugurar pronto-atendimento em Blumenau em breve.
O próximo passo, segundo a gestora hospitalar da cooperativa, Jany Luz da Silva, será o lançamento do hospital geral para Blumenau.
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