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Engrossando as estatísticas


Fonte:

Revista Apolice/Julio Cezar Pauzeiro

Todo ano quando vamos renovar o seguro de nosso automóvel é a mesma história: O corretor de seguros com o qual temos relacionamento, alguns dias antes do fim de vigência do seguro faz contato, geralmente por telefone, e então, iniciamos os procedimentos e tratativas para renovar o seguro de automóvel.

Alguns corretores se detêm nas condições técnicas e diferenças que as seguradoras oferecem, outros nos prêmios (preço) do seguro. Os clientes fazem o mesmo: alguns advogam apenas o preço do seguro outros as condições técnicas das propostas que estão sendo apresentadas. Inicia-se aí o fornecimento e a confirmação de uma série de informações necessárias aos diversos perfis que serão preenchidos, já que se imagina que as propostas comtemplarão diversas seguradoras.

Se este procedimento de fornecer informações é chato para os segurados ele não é menos chato e trabalhoso para os corretores de seguros, que por conta da ausência de um perfil único que simplificaria imensamente o dia a dia das corretoras de seguros e também dos segurados, ficam com um absurdo trabalho de ter que cotar, acreditem, o negócio em seguradora por seguradora.

Funciona assim: o corretor entra no sistema de cálculo da seguradora "A" preenche os dados do veículo, coberturas e perfil, faz a proposta e sai do sistema. Entra no sistema da seguradora "B" e faz o mesmo e assim repete a tarefa tantas sejam as seguradoras a serem "contempladas" com o cálculo. Esta tarefa é retrograda muito cara e deveria estar em desuso, se existissem ferramentas mais modernas de cálculo do seguro de automóveis e um perfil único.

Em particular não entendo porque a Susep não padroniza as perguntas que constam do perfil necessário ao cálculo do seguro de automóveis.

Uma vez de posse das propostas a triste constatação: ainda que seu bônus tenha aumentado e seu carro depreciado o valor do seu seguro muito provavelmente será maior que no ano anterior. Mas como isso é possível de acontecer?

A resposta que você receberá vai englobar com certeza uma variável - o famigerado CEP de risco. Isso mesmo, você será informado que o CEP do risco em questão foi "contemplado" com um aumento significativo nas estatísticas de roubo/furto na sua região, e aí a conta Sinistro retiro / Prêmio Ganho vai apontar a necessidade de correção do prêmio do seguro, para cima, é claro.

Assim, toda vez que tal índice aumenta contra a seguradora, ou seja, o número de sinistro cresce mais do que o de prêmios, a seguradora, naturalmente, imputa um crescimento a nova tarifa. Este ajuste, meus amigos, acontece na grande maioria das seguradoras, todo mês por volta da segunda semana.

E o que fazer? Ficar sem seguro ou pagar mais por um risco que nós consumidores julgamos menor? A saída mais razoável, antes de você sentar e chorar é fazer o seguro ainda que ele seja mais caro. Não adianta reclamar, as estatísticas não mentem e abaixo explico o porque.

No mês de abril, aqui em casa, vencem os dois seguros de nossos veículos um no início do mês e outro no final. Para o veículo que tinha o seguro vencendo no início do mês, recebemos cinco propostas diferentes do corretor de seguros que nos atende. Três tinham o prêmio muito parecido, uma tinha o prêmio incrivelmente superior e outra incrivelmente inferior (como a seguradora conseguiu tal preço?).

As três primeiras apresentaram um prêmio cerca de 40% mais caro do que pagamos o ano passado. A explicação que recebemos de tais seguradoras, via corretor, foi: a sinistralidade de roubos e furtos na região que moramos aumentou consideravelmente no último ano.

Fazer o quê? Ficar sem seguro? Jamais. Optamos por renovar na mesma seguradora, muito em função da prestação do seu serviço, ainda que isso tivesse nos custado 43% do que o valor pago no ano anterior.

Vistoria Prévia feita (ainda que não fosse preciso), seguro pago e renovado, mais uma vigência se inicia.

Dois dias depois, por volta das 6:30 hs da manhã, minha esposa sai para levar nosso filho na escola, já que estou impossibilitado de dirigir por conta de um dedo do pé esquerdo quebrado, quando há duas ruas de nossa casa é roubada por um elemento que sai de um carro que estava em um "comboio" de carros roubados na mesma região.

Apesar do susto os dois foram largados na rua com vida, mas sem nenhum pertence. Ela sem seus documentos ele sem seu material escolar e nosso carro, lamentavelmente, entrou para a estatística como fator agravante para que no próximo ano o preço do seguro aumente ainda mais. É apenas nessa hora que nos damos conta do quanto o seguro é importante.

* Julio Cezar Pauzeiro tem 18 anos de experiência profissional no mercado segurador é engenheiro, pós-graduado em seguros na PUC-RJ, com especialização no Disney Institute (Florida) e mestrando em Desenvolvimento Empresarial pela Universidade Estácio de Sá. Foi também autor de dos livros de seguro de automóveis da Funenseg de 1996 a 2004, bem como um dos autores do livro de Teoria Geral de Seguros de 1999 a 2002 e esta semana esta lançando a terceira edição do livro Seguro: Conceitos, Definições e Princípios.


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