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Mundo está reagindo ao colapso, afirma Lopes


Fonte: Diário de Cuiabá

Para o economista mato-grossense e ex-consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Vivaldo Lopes, a economia mundial já está saindo da crise. "Já temos sinais e dados seguros de que o mundo está se desvencilhando da grande convulsão. A economia europeia já saiu da recessão técnica, de acordo com o PIB (Produto Interno Bruto) europeu. Dados do segundo trimestre da economia norte-americana também apontam que o país saiu da recessão, o mesmo acontecendo com a asiática, puxada pela China, que foi pouco afetada. Hoje é possível afirmar que o mundo dá passos seguros de superação da crise".

Outra análise de Lopes é de que, ao contrário do que se afirmava, a economia norte-americana continuará sendo a principal locomotiva do mundo, partilhando esta liderança em parte com a China. "Mas [os EUA] continuarão sendo os principais compradores, devendo ditar os rumos da economia por pelo menos mais duas décadas".

Segundo Lopes, a economia norte-americana dá sinais seguros de que deverá entrar 2010 navegando normalmente sobre águas tranqüilas.

Quanto à economia brasileira, o especialista diz que foi uma das últimas a sentir os efeitos da crise mundial e uma das primeiras a sair dela. "Foi uma das que menos sentiu os estragos da crise porque o agronegócio e a diversificada pauta de exportações ajudaram a reduzir os impactos. A boa saúde financeira do país também ajudou a minimizar os efeitos da crise, apoiada pelas boas reservas do Banco Central", salientou.

A crise financeira mundial teve início em 2007, nos Estados Unidos, quando os mercados financeiros foram surpreendidos por notícias de perdas elevadas no financiamento de imóveis (crise do subprime), ameaçando a saúde financeira de importantes bancos de investimentos que tinham títulos lastreados em hipotecas imobiliárias.

Mas a eclosão do que foi tachada de ‘bolha norte-americana", explodiu de fato, sobre o mundo, no dia 15 de setembro do ano passado, com a queda das Bolsas de Valores mundiais motivada pela quebra do Lehman Brothers Holdings, até então, o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos. Os problemas enfrentados por outros dois gigantes financeiros - o banco Merrill Lynch e a seguradora AIG - também afetaram os mercados.

Nos 10 anos anteriores, o mercado de imóveis dos EUA teve forte valorização. Um imóvel adquirido por cerca de US$ 250 mil, em 1996, com financiamento em 30 anos, teve valorização que superou a 300%, passando a valer mais de US$ 1 milhão em 2006. Isto permitiu que muitas pessoas tomassem empréstimos bancários altos, dando como garantia o imóvel sobrevalorizado.

Com endividamento alto, alguns americanos aumentaram a inadimplência dos empréstimos e passaram a vender imóveis usados, aumentando a oferta no mercado e provocando redução nesses preços, pois a oferta passou a ser maior que a procura. Este fator fez com que estourasse a "bolha financeira", levando instituições à perda de credibilidade, como o tradicional banco de investimento Lehman Brothers que quebrou e o Merrill Lynch que foi vendido para o Bank of America por dois terços do seu valor de mercado.

SOCORRO - Com escassez de crédito, muitos investidores passaram a sacar recursos aplicados nos mercados de ações em vários países, a exemplo do Brasil, gerando constantes desvalorizações nas bolsas de valores. Neste ano, a crise se agravou e o Banco Central americano implementou um pacote financeiro, disponibilizando recursos do Tesouro para socorrer instituições financeiras com dificuldades de crédito e evitar um colapso nas bolsas em todo o mundo.

Porém, a incerteza quanto ao desfecho da crise continua provocando até hoje instabilidade e insegurança nos mercados financeiros.


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