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Fonte DCI
É de se esperar que haja uma crise nos próximos dois anos no sistema de financiamento de veículos novos e usados no Brasil na mesma amplitude verificada no mercado imobiliário dos Estados Unidos, no segmento subprime, e que vem afetando o mercado mundial em dimensões cada vez mais preocupantes.
No entanto, para entendermos o que poderá acontecer neste setor de empréstimos para compra de veículos, primeiro precisamos entender a base do que está acontecendo no mercado nestes últimos anos.
O mercado automobilístico brasileiro vem apresentando seguidos recordes de venda no mercado interno. Nem a valorização do real e a conseqüente queda nas exportações têm tirado o sorriso do rosto dos donos de concessionárias - e dos executivos das montadoras instaladas no País.
E o principal motivo desta alegria toda tem sido o acesso ao crédito para compra de veículos conseguido pela classe média nos últimos anos.
Nunca foi tão fácil adquirir um automóvel no Brasil: sem entrada, primeira parcela depois de três meses, e mais de 60 parcelas mensais baixíssimas para pagar.
O problema é que a própria fonte da alegria de hoje pode ser o principal motivo para a preocupação de amanhã.
O acesso ao crédito não está limitado ao setor automobilístico e se espalha pelos diversos setores de consumo, como televisões de LCD (sigla em inglês para monitores de cristal líquido), geladeiras, celulares 3G (terceira geração), tocadores de MP3, DVDs, computadores pessoais, laptops. Esses e muitos outros produtos podem ser comprados em suaves e inúmeras prestações. Isto sem falar no sonho da casa própria.
O consumidor brasileiro começa a acumular financiamento sobre financiamento: R$ 100 mensais para a geladeira, R$ 150 para a televisão LCD, R$ 50 para o celular, R$ 500 para o carro, e por aí vai. No final do dia, boa parte da renda está comprometida no pagamento de prestações de diversos financiamentos que ele fez.
Como já foi dito, comprar um carro é facílimo no Brasil. Só que as pessoas se esquecem de que, após adquirir um veículo, é preciso, além de pagar as prestações, gastar com o combustível, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o licenciamento e o seguro obrigatório, dentre outros itens de manutenção preventiva, como a troca de óleo e de filtros.
Isso sem falar no seguro, que consome até 6% do valor do carro anualmente e que por este motivo é pouco freqüente na frota brasileira. Será que esse consumidor sem seguro cujo carro foi roubado e/ou acidentado continuará a pagar por mais cinco anos a prestação do veículo que ele não possui mais?
Fica fácil prever o resultado deste processo nos próximos dois anos: o cheiro da inadimplência vai ficando cada vez mais forte no mercado.
Caso esta inadimplência se confirme, a financeira pode recuperar o veículo (um diferencial do setor automobilístico em relação a outros segmentos da economia brasileira). Mas nem isto é fator de segurança para o mercado.
De fato, se a inadimplência aumentar drasticamente, estas financeiras ficarão com um grande estoque de carros usados para serem vendidos. A única solução será a promoção de leilões coletivos e/ou a venda a preços bem abaixo do mercado.
O primeiro mercado a sofrer será o de usados, que verá o valor de seus estoques sofrer uma grande desvalorização.
E se ficar mais barato comprar um usado, o ímpeto por comprar um novo será bastante reduzido, o que deverá levar a espalhar a crise no setor automobilístico para o mercado de novos. A esta altura, o dono da concessionária talvez já não esteja sorrindo mais.
A crise imobiliária nos Estados Unidos demorou sete anos para estourar. A previsão do estouro da "bolha" do financiamento de crédito de veículos no Brasil está bem próxima, já que o aumento do crédito para este tipo de bem já perdura por cerca de quatro anos.
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