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Seguro rural em expansão no Brasil


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Fonte: Funenseg

Os números são animadores. Dos R$ 200 milhões anunciados este ano pelo Governo Federal em subvenção para agricultores e produtores rurais, pelo menos R$ 160 milhões deverão ser utilizados para ajudar a financiar, em média, de 30% a 40% das despesas com o seguro das lavouras. Em comparação com anos anteriores, a evolução foi grande: do total de contribuição da União, foram usados R$ 31 milhões em 2006 e R$ 61 milhões em 2007.

Governos Estaduais como o de São Paulo, que foi o primeiro a entrar com esse tipo de ajuda, em 2002, também aumentaram suas subvenções e participam com até 50% da parcela de contribuição do Governo Federal. Na prática, isso representa um desconto de 75% para o produtor. Outros estados que são grandes produtores rurais também estão mais atuantes: Minas Gerais começa agora a cobrir até 25% do prêmio total dos seguros agrícolas. Na Bahia, no Pará e em Mato Grosso do Sul o sistema está em fase de estudos e deve entrar em vigor no ano que vem.

Especialistas concordam que essas medidas são todas positivas, mas não são suficientes para as necessidades do setor agrícola. "O seguro rural é muito caro, porque tem uma variável de risco problemática, que é a questão climatológica, algo sobre a qual o segurado e o segurador não têm controle", afirma Geraldo Mafra, diretor da Seguradora Brasileira, uma das mais antigas a atuar no setor. Uma evolução que segundo ele deve se tornar realidade em 2009 é a inclusão de coberturas contra doenças nos animais e pragas nas lavouras.

Geraldo acredita que ainda falta conscientização sobre a importância desse sistema. "É uma cultura, algo que só vai se adquirir com o tempo. O mercado tem que entender que não precisa ficar refém de financiamentos", diz. Os benefícios não são apenas para o produtor rural, garante. "Fica muito mais barato para o Governo oferecer o subsídio do que renegociar a dívida, porque o custo de rolagem de dívida é muito alto". Quanto à recente abertura do resseguro, ele está certo de que as empresas estrangeiras estão analisando o mercado brasileiro, devido ao seu alto nível tecnológico e sua capacidade produtiva. "Não tenho dúvida também de que isso vai permitir a criação de novas formas de cobertura", afirma.

"De fato, o seguro rural é um segmento em expansão no Brasil, mas esse crescimento ocorre em velocidade reduzida". Quem garante isso é o administrador de empresas e corretor de seguros Bruno Kelly, que realizou no último dia 29 uma palestra sobre o tema na Escola Nacional de Seguros. As principais razões para isso, segundo ele, são duas: pouca (ou nenhuma) oferta de apólices em determinadas regiões e a falta de uma cultura de seguro por parte dos agricultores, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. "Nas viagens em que tive a oportunidade de visitar produtores locais, percebi que existe resistência ao seguro agrícola porque muitos confundem o sistema com o Proagro, programa governamental de apoio ao produtor, mas que não é seguro".

No que se refere à falta de oferta de produtos, Bruno acredita que ainda existe pequena variedade de culturas com seguros formatados: "Quando nos comparamos ao mercado norte-americano, não chegamos a 10% das alternativas lá existentes", diz. Ele garante que a pouca oferta de produtos se refere tanto ao tipo de cultura quanto às regiões geográficas brasileiras. "No Rio Grande do Sul, por exemplo, onde existe a cultura e a compreensão da necessidade do seguro, temos pouco apetite por parte das seguradoras e resseguradoras, devido à possibilidade de perdas de grande monta".

Segundo Bruno, nesse momento pós-abertura do mercado de resseguros, uma medida que poderá trazer resultados é a criação do Fundo de Catástrofes pelo Governo Federal, em tramitação no Congresso Nacional. "Com isso, abriríamos espaço para novos seguradores e resseguradores. Esse fundo garantiria a tranqüilidade para as companhias e, para o Governo, também seria algo bastante positivo, pois além de permitir uma política agrícola eficaz, eliminaria os gastos aprovados às pressas para ajuda aos agricultores vítimas de perdas catastróficas não cobertas por seguro".



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