Notícias

MetLife prevê duplicar operações internacionais


Fonte:

Fonte: Gazeta Mercatil

MetLife prevê duplicar operações internacionais

A MetLife, maior seguradora de vida dos Estados Unidos, quer dobrar a participação da área internacional em cinco anos. Esta é a meta traçada por William Toppeta, presidente das operações internacionais da companhia norte-americana, que tem sido estimulado pelos analistas do mercado acionário sobre uma estratégia mais agressiva em mercados emergentes.

As operações da MetLife fora dos Estados Unidos representaram 12% do faturamento de US$ 53 bilhões obtido no ano passado e 10% do lucro líquido de US$ 4,3 bilhões.

Segundo o executivo da empresa, há uma grande oportunidade de crescimento em plano de previdência em todo o mundo, especificamente na América Latina, onde os ativos de previdência administrados cresceram 25% de 2002 para cá e o lucro operacional 23%.

"O segmento de vida também tem grande importância nos mercados emergentes. Acreditamos que podemos crescer 25% na área internacional em cinco anos", diz Topetta.

Diversificação geográfica

A receita das operações da MetLife fora dos Estados Unidos subiu de US$ 1,2 bilhão em 2001 para US$ 5,3 bilhões em 2007, um crescimento de 341% no período. Por sua vez, o lucro com o investimento saiu dos US$ 266 milhões para US$ 1,2 bilhão e o lucro líquido ultrapassou US$ 400 milhões no ano passado.

Além do potencial de crescimento dos países emergentes, a empresa de seguros busca a diversificação geográfica, de produtos e de canais de distribuição para manter resultados consistentes e miminizar riscos concentrados em uma região ou em um nicho de atuação.

Enquanto suas concorrentes amargaram perdas com a crise do subprime, a MetLife registrou uma ligeira perda com investimentos em razão da volatilidade do mercado acionário neste ano. Enquanto AIG, Principal, Hartford e Prudential registraram desvalorização superior a 20% no valor de suas ações negociadas na bolsa de Nova York (NYSE) neste ano, até o dia 13 de maio, os papéis da MetLife oscilaram negativamente apenas 0,5%, de acordo com levantamento feito pela Economatica a pedido da Gazeta Mercantil.

Conservadorismo

"Somos muito conservadores por já atuarmos em um negocio que é de risco", explica o executivo da empresa. Por mais que uma companhia busque minimizar os riscos das garantias que vende, há sempre o imprevisto, como os atentados terroristas do fatídico 11 de setembro de 2001. "Pagamos algo entre US$ 300 a 400 milhões em decorrência dos ataques", acrescenta o presidente de operações internacionais da companhia.

Queda no lucro líquido

Apesar do conservadorismo, o grupo registrou queda acentuada no lucro liquido do primeiro trimestre deste ano, para US$ 615 milhões. No mesmo período do ano anterior, o ganho da MetLife foi de US$ 983 milhões.

"Tivemos perdas nos Estados Unidos, mas um resultado surpreendente no Japão e na América Latina graças a estratégia de diversificar o mix de produtos e áreas de atuação", pondera o executivo, que esta há mais de 30 anos na MetLife.

Dos US$ 328 bilhões em ativos administrados, 36% estão aplicados em títulos privados, 26% em empréstimos estruturados, 15% em hipotecas agrícolas e comerciais, 5% em títulos do Tesouro Americano, 3% em títulos imobiliários, 4% em ações e 4% estão em caixa e títulos de curto prazo.

Valorização das ações

Os resultados mundiais da MetLife têm apresentado uma estabilidade rara no setor de seguros, afetado por perdas com catástrofes, furacões e subprime. Desde o IPO (sigla em inglês para oferta inicial de ações) realizado em 2000, os papéis da companhia de seguros se valorizaram 323% até o dia 8 de abril, enquanto o índice de seguros da Standard & Poor"s apresentou alta de 36% no mesmo período.

De acordo com Jorge Ramirez, executivo da área de relações com investidores, o rendimento médio sobre o total de ativos foi de 6,72% em 2003, 6,55% em 2004, 6,21% em 2005, 6,47% em 2006, e 6,66% no ano passado.

Concorrência acirrada

Esta estabilidade se repete em todas as linhas de negócios, sejam os seguros de vida em grupo ou rendas vitalícias, conhecidas como annuity internacionalmente. Ramirez credita o bom desempenho a disciplina na gestão de risco. "Não pode comprar participação de mercado com redução de preço e é preciso manter a disciplina", diz o executivo.

"Se você faz um produto bom, as pessoas compram e a concorrência - que está muito acirrada - copia", afirma. "Se faz um produto ruim, ninguém compra. É preciso estar em constante crescimento para ter uma empresa sólida e confiável. Principalmente uma empresa que vende um produto que não entrega no ato e sim anos depois, como é o caso da aposentadoria", completa.

Milhões de dólares no Brasil

Apesar de o Brasil não constar entre os países onde a seguradora tem a liderança, é um mercado de grande importância para a MetLife. Tanto que o grupo já aportou milhões de dólares no País desde 1999. Só no ano passado aportou quase R$ 40 milhões. E está disposto a investir mais. "O time local é quem nos traz a estratégia. Eles conhecem o mercado local e devem nos trazer soluções de incrementarmos nossa participação. Estou aqui para ajudá-los a crescer", informa o executivo, aparentemente acenando com uma carta branca.

Em recente entrevista, José Roberto Loureiro, presidente local da MetLife, informou que o grupo americano tem interesse em fazer parcerias, seja aquisição de carteiras ou pelo direito de uso de canais de distribuição alternativos para vender seus produtos. Planos odontológicos, segmento em que a MetLife tem 14,6% de market share nos EUA, é uma das áreas de interesse no Brasil. Este é um segmento de grande potencial. Tanto que o grupo Bradesco acaba de separar a operação em uma companhia recém criada, a Bradesco Dental.

Muitos analistas apostam na tendência de bancos deixarem a operação de seguro para seguradoras especialistas e ganharem dinheiro com a corretagem da venda de seguro. "Tivemos algumas noticias que reforçam este movimento, como o Santander vendendo suas operações na América Latina para o ING, bem como o Citi vendendo a Travelers para a MetLife", diz Oscar Schmidt, vice-presidente internacional da MetLife. "Os bancos buscam retornos agressivos e metas de curto prazo e isso faz com que tenham muita volatilidade no resultado. Uma seguradora especializada tem resultados mais consistentes", garante.


« Voltar