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Estudos em resseguro ajudam a capacitar o mercado


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Fonte : Segs - Funenseg


Desde julho de 2007 no Brasil, onde abriu uma consultoria de seguros, Jean François Estienne é representante da Enass, Escola Francesa de Seguros e Resseguros - parceira da Escola Nacional de Seguros - Funenseg.
As duas instituições trocam experiências por meio de intercâmbios, palestras, seminários e tradução de livros para o setor securitário. Na semana passada, a Escola recebeu membros da Enass, que realizaram um seminário sobre solvência, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os eventos contaram com a presença de 120 executivos do mercado de seguros.

Em entrevista ao "Seguro em Pauta", Jean François afirma que os representantes da instituição de ensino de seguros da França ficaram animados com a boa fase do mercado brasileiro e que até estudam a possibilidade de criar um curso para os profissionais de resseguros, em parceria com a Escola Nacional de Seguros.

SEP - Fale um pouco sobre a Escola Francesa de Seguros e Resseguros.

JF: A Escola Francesa de Seguros e Resseguros é a única instituição européia que possui cursos sobre resseguros. Quando ocorreu a abertura do mercado francês, o setor de resseguros enfrentou uma escassez de pessoas competentes, por isso foi fundada a Escola.

SEP - Você acredita que o Brasil também passará pelo mesmo problema?

JF: Vejo aqui no Brasil que as resseguradoras globalizadas já estão chegando, alugando ou comprando imóveis, e penso: quem irá se sentar às mesas e usar os computadores para tocar os negócios? Acredito que o mercado de resseguros brasileiro já vinha amadurecendo com o IRB (IRB-Brasil Re) e agora, com essas resseguradoras, a tendência é se desenvolver cada vez mais. Mas para isso é necessário investir e capacitar os corretores de resseguros.

SEP - Qual é o objetivo da Escola Francesa de Seguros e Resseguros aqui no Brasil?

JF: Admiramos muito o trabalho que a Escola Nacional de Seguros vem fazendo no mercado e, por isso, queremos fazer uma parceria total com ela. Pretendemos compartilhar esse "saber fazer" da escola brasileira com a francesa.

SEP - Como foi a abertura do mercado de resseguros na França?

JF: Com o fim da Segunda Guerra Mundial, houve uma nacionalização do setor financeiro francês e a criação da CCR, a Caixa Central de Resseguros, que é parecida com o IRB. Nos anos 70, já não era mais viável trabalhar com um mercado de resseguros fechado. Percebemos a necessidade da entrada de resseguradoras estrangeiras. O ponto alto foi a criação da União Européia, que não permitia mais a proibição da entrada do mercado internacional na Europa. Hoje, somos o 4° maior no mundo.

SEP - Como é o mercado de seguros na França?

JF: É um mercado bem moderno. O mais consumido é o seguro de vida, que teve em 2007 um crescimento de 60%. Na França, o seguro popular e os microsseguros já estão bem desenvolvidos. Acredito que essas duas carteiras são muito importantes para financiar o crescimento de um país, já que o setor de seguros é uma fonte de recursos financeiros, seja para o setor privado, seja para o público.

SEP: Para você, o Brasil tem potencial para crescer nesses dois ramos?

JF: Com certeza. Tem muito trabalho para fazer aqui no Brasil. Cerca de 70% da população pertence às classes C e D. São pessoas que trabalham muito para se manterem e sustentarem suas famílias. Para desenvolver produtos de seguro popular e microsseguros, é preciso estudar a vida dessas pessoas e lançar produtos adequados à realidade delas. Posso destacar duas empresas brasileiras que perceberam isso: uma é a Sinaf, com o seguro popular, e a outra é o Banco do Nordeste que, na linha de produtos de microsseguros, lançou há pouco tempo um seguro funeral de baixo custo e desenhado para o público nordestino.


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