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Diretora da Fenasaúde diz que preços irão subir


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Fonte: Jornal do Commercio

As perspectivas são pouco animadoras para o setor de saúde complementar no Brasil. Pressionadas pelos aumentos dos custos, decisões judiciais desfavoráveis, mudanças na legislação que ampliam as coberturas oferecidas aos segurados e pela resistência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em corrigir os preços de acordo com a elevação dos gastos, as operadoras temem chegar ao limite em pouco tempo: "o desprezo pela estatística-atuarial pode ser fatal", adverte a diretora da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz Palheiro Mendes, para quem não é recomendado desvincular os preços dos planos dos custos crescentes, pois pode ocorrer um desequilíbrio econômico-financeiro que desestimula o oferecimento de novos produtos e, no limite, "impõe a insolvência da operadora".

Para Solange Beatriz, não há como fugir de um ajuste nos prêmios dos planos de saúde à medida que ocorrem desequilíbrios financeiros.

Segundo ela, a inflação médica atingiu o limite de 140% entre 2000 e 2007. No mesmo período, os reajustes autorizados pela ANS chegaram a 93,8%. Na opinião da diretora da Fenasaúde, essa distorção é causada pelo fato de a regulação do setor só focar as operadoras, quando deveria valer para todos os agentes responsáveis pela formação dos preços da área de saúde suplementar, como materiais médicos e medicamentos.

Ela revela que, nos planos individuais já prevalece uma clara tendência de redução da oferta de produtos, conseqüência direta do fato de os reajustes de preços ficarem em um patamar abaixo dos custos das operadoras de saúde.

Nos planos voltados para empresas, o risco maior é a contaminação dos preços, pois vem aumentando muito o peso desse tipo de benefício indireto nas despesas dos grupos empresariais: "a contratação de um plano saúde para os funcionários já representar até 9% da folha de pagamento das 500 maiores empresas do País´", assinala Solange Beatriz, que, em palestra apresentada durante o 7ª Seminário Ética e Transparência na Atividade Seguradora, realizado em São Paulo, no final da semana passada, alertou que o atual quadro pode ficar insustentável a longo prazo.

De acordo com a diretora da Fenasaúde, o quadro regulatório inadequado se reflete no resultado das empresas. Pelos números apresentados por ela, o cenário é, de fato, preocupante. Das 1.051 operadoras que apresentam balanços regularmente, 24% apresentam resultado negativo. Outros 13% sequer possuem provisões técnicas. Há ainda um grupo de 63 operadoras, que atendem a mais de 700 mil beneficiários, cujo patrimônio líquido está negativo: "das dez empresas do setor que receberam as maiores multas em 2006, em sete estes valores superam o resultado do exercício", assinalou.

Nesse contexto, de acordo com dados da ANS, as 14 seguradoras que operam no ramo saúde são as operadoras que cujas despesas estão praticamente estáveis. No entanto, esse segmento responde por apenas 10,4% do mercado, com cerca de cinco milhões de segurados, no final de 2007.

As 349 cooperativas médicas têm 13 milhões de segurados (27% do mercado) e as 613 empresas de medicina de grupo reúnem 15,6 milhões de beneficiários (32,5% do total).


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