Notícias

Economista avalia oportunidades e riscos para seguradoras diante de novo quadro mundial


Fonte:

Fonte: Fenaseg

Um cenário de crescente inquietação da economia mundial projetado para os próximos anos exigirá atenção redobrada das seguradoras da América Latina para aproveitar-se de novas janelas de oportunidades e, ao mesmo tempo, evitar maus negócios. Algumas variáveis, como saldo em conta corrente, preço do barril do petróleo, inflação dos alimentos e desaceleração da economia da China, deverão dar o tom da atividade econômica nos próximos anos, informou o economista Cláudio Roberto Contador, diretor da Escola Nacional de Seguros, durante a palestra "Situação política e econômica da América Latina: perspectiva para o mercado de seguros de crédito e garantia", a primeira conferência apresentada durante a XX Assembléia da Associação Panamericana de Fianças e Garantias (APF-Pasa), que começou domingo e encerra-se na quarta-feira, no Hotel Sheraton, na cidade do Rio de Janeiro.

Diante de uma platéia de cerca de 300 representantes de seguradoras e resseguradoras nacionais e internacionais, o economista lembrou que o desequilíbrio do balanço de pagamento dos países provocará mexidas no câmbio e nas taxas de juros. Nesse quadro, é factível que ocorra desvalorização relativa nas moedas dos países com déficit em contas correntes, como no caso de nações da Europa Oriental e parte da América Latina. Parte do ajuste poderá ser feita por meio das taxas de juros, que aumentariam nos países deficitários e teriam queda nos que mantêm superávit nas contas correntes.

Os Estados Unido, afetados pela crise do subprime, alta do petróleo e dos alimentos, vão conviver com um modesto (e decrescente) crescimento do produto potencial ? taxa de expansão de 2,8%, e com baixa capacidade ociosa geral. Nesse quadro, o país terá menor crescimento econômico, pressões inflacionárias e um dilema entre aumentar ou reduzir os juros.

A China, que hoje é um dos financiadores do déficit americano, terá dificuldades crescentes em manter compras de títulos americanos, prevê ele. A razão é que a economia chinesa, por limites de sua capacidade de produção a partir deste ano, terá de deixar de ser um exportador de poupança, realocando-a no mercado doméstico.

Nesse quadro, o mais provável é que o crescimento explosivo da economia chinesa cai para taxas menores, na faixa de 8% (média ainda elevada pelos padrões normais), conviva com uma inflação crescente e reduza a pressão por demanda de alimentos e energia.

Para Contador, o novo quadro de desaceleração econômica mundial chegará em um momento de indicadores mais sólidos dos países latinos. Os balanços de pagamentos são mais favoráveis, a ponto de alguns países da América Latina se transformarem hoje em ofertadores de poupança; as reservas internacionais cresceram, o que reduz a ameaça de crises cambiais por algum tempo; a inflação é baixa e controlada, com exceção da Venezuela, Argentina e Bolívia; os fundamentos da política econômica e a qualidade da política monetária são mais saudáveis. Os países latino-americanos, além disso, apresentam taxa de crescimento do PIB acima da média mundial nos últimos anos, ainda que o quadro seja de ligeira desaceleração entre 2008e 2009.

Na opinião de Cláudio Contador, as mudanças poderão dar início a uma fase de ouro para a América Latina e para os mercados de seguros regionais. "Esta fase de ouro envolve, porém, um compromisso da América Latina como pilar para a solução da crise de energia e de alimentos. É uma oportunidade ímpar de participamos do processo de mudança com soberania. Não como sofredores, mas como atores centrais e como beneficiados", assinalou ele.

No caso das seguradoras, tendo em vista o aumento do risco financeiro, alta da inadimplência e flutuações das moedas, criam-se oportunidades para o seguro com garantia de operações, de investimento, de crédito e de comércio, enumera ele. Para os seguros financeiros, acrescenta, "o futuro será sem dúvida próspero, Com a manutenção do crescimento econômico, novos empreendimentos vão ocorrer, derivados dos agronegócios, da indústria, do comércio e de serviços, cujas obrigações contratuais ficam cada vez mais complexas."Por isso, os seguros de crédito e de garantia terão forte responsabilidade como co-autores dessa nova fase. Este período favorável já começou, bastando lembrar que apenas nos últimos 12 meses os prêmios destes ramos cresceram mais de 100% no Brasil. Esta é uma tônica que pode vigorar em muitas outras economias da região", concluiu ele.


« Voltar